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domingo, 15 de abril de 2012

Tempestades magnéticas detectadas em Vênus


Quando campos magnéticos de polaridades opostas colidem e se fundem, eles liberam uma torrente de energia. O processo, conhecido como reconexão magnética, pode gerar labaredas no Sol e tempestades magnéticas e auroras brilhantes nos planetas magnetizados e com atmosferas substanciais, como a Terra, Júpiter e Saturno.
Agora, os cientistas descobriram que também ocorre reconexão magnética em Vênus, planeta que não possui campo magnético intrínseco. A descoberta foi publicada na revista Science e sugere que a reconexão magnética pode gerar auroras em Vênus e pode ter contribuído para o desaparecimento de uma atmosfera densa e rica em água que, segundo os cientistas, envolveu o planeta no início de sua história, há aproximadamente 4 bilhões de anos.
A descoberta sugere que provavelmente essa atividade magnética explosiva seja uma característica comum dos planetas por toda a parte, afirma o cientista planetário e autor do estudo Tielong Zhang, do Instituto de Pesquisa Espacial da Academia Austríaca de Ciências, em Graz. As tempestades magnéticas que ocorrem em planetas de fora do nosso Sistema Solar – conhecidos como exoplanetas – ocasionalmente podem gerar sinais de rádio que são fortes o bastante para serem detectados da Terra, sugerem outros pesquisadores.
Zhang e seus colegas analisaram dados da sonda Venus Express, da Agência Espacial Europeia, que está em órbita em torno do planeta desde 2006. O objetivo dos pesquisadores era descobrir sinais de reconexão magnética na cauda magnética de Vênus – a cauda semelhante à de um cometa se forma no lado que fica na direção oposta ao sol quando o campo magnético, transportado por partículas carregadas presentes no vento solar, circunda o planeta.
Os dados revelaram uma estrutura magnética circular, denominada plasmoide, na cauda magnética de Vênus, semelhante ao redemoinho que as rochas formam nos rios. Trata-se de "um forte indício de reconexão magnética", afirma Zhang, pois ele é conhecido como sinal do fenômeno em outros planetas.
Âncora na tempestade
Em um planeta como a Terra, a tensão entre os polos opostos do campo magnético contribui com a reconexão. A descoberta de que Vênus possui tempestades magnéticas também mostra que, mesmo sem um campo assim, um planeta consegue atuar como uma âncora que ajuda o vento solar a se reconectar, afirma o astrônomo Jonathan Nichols, da Universidade de Leicester, no Reino Unido.
O estudo indica que a reconexão magnética "é um processo ativo, que ocorre em torno de mais corpos cósmicos do que antes se pensava", quer tenham ou não o seu próprio campo, afirmou Nichols.
Acredita-se que um tipo semelhante de reconexão, determinada pelo campo magnético do vento solar, ocorra na cauda dos cometas. Às vezes, a reconexão faz com que a cauda se desprenda e voe pelo espaço, como foi observado em 2007, com o cometa Encke.
Nesse aspecto "Vênus se comporta como um cometa", em que a reconexão expulsa para o espaço partículas carregadas da atmosfera do planeta, afirma o astrônomo Philippe Zarka, do Observatório de Paris, em Meudon, na França. Assim como o vento solar desgasta a cauda de um cometa, é possível que ele tenha desprendido gradualmente moléculas como as da água da atmosfera de Vênus.
Zarka desconfia que, entre os exoplanetas, apenas os que possuem campo magnético próprio consigam produzir explosões de energia fortes o suficiente para serem detectadas a distâncias interestelares de dezenas a centenas de anos-luz. Os novos radiotelescópios, como o Low Frequency Array (LOFAR) da Holanda, talvez consigam detectar as emissões de rádio mais fortes de exoplanetas, afirma Nichols. Se detecções desse tipo tiverem êxito, elas podem fornecer um novo modo de procurar por exoplanetas.
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