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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Após pedido de Pelegrino, Wagner recua e desiste do horário de Verão

Depois de destacar a necessidade de manter a Bahia sincronizada com os relógios do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, governador recua do horário de Verão em sintonia com declarações do candidato petista a prefeito de Salvador



Já tinha gente esperando ver o pôr do sol às 19h no Porto da Barra. Outros resmungavam por ter que acordar às 6h ainda com a escuridão. Turistas tinham comprado passagens aéreas, certos de que elas estariam marcadas na mesma hora dos estados onde moram. Empresários se prepararam para sincronizar seus relógios com os mercados financeiros e bolsas de valores do resto do país a partir de 21 de outubro. Mas, de uma hora para outra, todos tiveram que parar os ponteiros.

Depois de afirmar, no dia das eleições, que a Bahia adotaria o horário de Verão novamente, o governador Jaques Wagner (PT) mudou de opinião ontem e cancelou a medida, pouco tempo depois do candidato petista a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino, ter se posicionado publicamente contra a adesão da Bahia. De imediato, adversários políticos e empresários baianos atribuíram a decisão a uma tática para beneficiar Pelegrino na disputa pela prefeitura de Salvador.

A queixa tem origem no histórico de declarações de Wagner sobre o tema. Domingo, após o resultado do primeiro turno, o governador afirmou que o estado entraria no horário de Verão pela segunda vez desde 2002. “Não há aumento do ponto de vista da questão da violência. A gente volta para casa em um horário ainda com o sol aparecendo”, afirmou o governador na ocasião.

Ontem, porém, Wagner mudou o discurso. Informou que, através de uma pesquisa – realizada depois que ele anunciou a entrada da Bahia no horário de Verão, foi identificado que 75% dos soteropolitanos eram contra a adesão. Além disso, segundo Wagner, desde o ano passado, a Ouvidoria Geral do Estado recebeu 18 mil reclamações contra o horário.

Dias antes, em 4 de outubro, Wagner informou que entraria  em contato com o Ministério de Minas e Energia para conversar sobre a adoção do horário na Bahia, mas adiantou que a tendência era seguir os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e adiantar os relógios em uma hora. 

“Do ponto de vista da energia, a economia não é tão grande. Mas eu acho uma maluquice não seguir, porque temos um horário só o ano inteiro e, de repente, você partilha o Brasil em dois. Televisão, bancos e até o governo são prejudicados”, destacou Wagner, em coletiva para confirmação da vinda da montadora chinesa JAC Motors para a Bahia.

Na primeira entrevista depois da ida ao segundo turno e após passar a tarde reunido com Wagner, Pelegrino afirmou, na segunda-feira passada, ser contra o horário de Verão. “Já expressei isso ao governador. É a minha opinião. Se eleito, vou lutar contra o horário de Verão em Salvador”, afirmou Pelegrino.

Críticas Rival do petista na briga pela prefeitura, o democrata ACM Neto contestou o momento em que foi anunciada a decisão do governador, feita na largada da campanha pelo segundo turno. Para ele, o ato tem cunho eleitoral, já que Pelegrino havia se posicionado publicamente contra a adesão.

“Armaram um circo. O governador, que até outro dia defendia o horário de Verão, tomou essa decisão agora por questão eleitoreira. Como sou contra o horário de Verão, só posso comemorar o seu fim, mas chamando a atenção para a medida eleitoreira do governador”, afirmou Neto.

O candidato petista preferiu não comentar se terá benefícios nas urnas em função da decisão. “Eu acho que o governador está em sintonia com a grande maioria de Salvador, como ele bem declarou, já que 75% dos soteropolitanos não desejam o horário de Verão. Eu estou muito feliz que o governador tenha tomado essa decisão”, disse.

Contradições  
A Bahia aderiu ao horário de Verão de 1985 a 2002. Ano passado, em 3 de outubro, o governador anunciou o retorno ao horário, balizado em estudo sobre a luminosidade do dia no estado, segundo o qual o sol nasce, no período de alteração nos relógios, entre 25 e 35 minutos mais cedo.

Pelo estudo, no ápice do Verão, por um período de 15 dias, o sol nasceria exatamente uma hora antes. “Na média, o sol nasce 25 minutos mais cedo, então eu não vejo sentido de a Bahia ficar de fora, até porque o prejuízo para quem acorda muito cedo é compensado à noite”, argumentou Wagner ano passado.

Divergências 
O secretário estadual de Comunicação, Robinson Almeida, disse ser “lamentável que essas lideranças tentem fazer conotação política e eleitoral de uma decisão que o governador tomou para beneficiar a população”.  Almeida informou que a pesquisa que apontou a insatisfação dos baianos foi encomendada pelo governo ao Centro de Estudos e Pesquisas de Opinião Campus.

“Foram ouvidas mil pessoas. Dessas, 75% foram contra, 23% a favor e 2% não se importavam com ter ou não o horário. A pesquisa foi concluída ontem (anteontem) à noite e o governador mudou de opinião. Além disso, ele ponderou a solicitação das centrais sindicais, com quem ele se reuniu”, afirmou Almeida.

O presidente estadual do PMDB, Lucio Vieira Lima, que ontem declarou apoio ao DEM, avalia que a mudança de opinião de Wagner teve motivação eleitoral. “Sem dúvida nenhuma foi uma decisão eleitoreira. Foi ele (Wagner) quem colocou a Bahia no horário de Verão. Nesse segundo turno, ele fareja cheiro de derrota. Por que ano passado ele não levou em conta o povo pobre que precisa acordar mais cedo? Ele não tem explicação sobre por que voltou atrás”, disse Lúcio.

O coordenador político da campanha de ACM Neto e presidente estadual do DEM, José Carlos Aleluia, disse ser contra o horário de Verão, mas também criticou o governador pela mudança de discurso em meio ao segundo turno.

“Ele (Wagner) agora corrige o erro que cometeu de trazer de volta o horário de Verão, numa tentativa clara de ajudar o candidato dele nessa campanha do segundo turno. Isso vai ajudar a reduzir a credibilidade do governador, porque ele só se preocupa com o eleitor na época da eleição”, declarou. 

Contra-ataque
Em meio às críticas de adversários, Pelegrino alega que vem se posicionando contra a entrada da Bahia no horário de Verão desde 2003. Na primeira coletiva após sua ida ao segundo turno, o petista afirmou que a posição contrária à medida foi reiterada nas diversas vezes em que discursou sobre o tema na Câmara dos Deputados.

Segundo ele, sua discordância sobre a adesão do estado a alteração nos relógios foi mantida mesmo quando o Brasil sofreu por conta de sucessivos apagões desencadeados desde o início da década passada e causados pela falta de investimentos na infraestrutura do setor energético. O que, em tese, justificaria o apoio à manutenção da Bahia no horário de Verão, como forma de economizar energia e evitar a ocorrência de blecautes no país.


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