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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Mistério, atraso e desorganização em base da seleção alemã no Brasil

“Eles são prepotentes, arrogantes e acham que podem fazer o que querem aqui.” É assim que um morador de Santo André se refere aos alemães que passaram a ser figuras frequentes em 2010, na pequena Vila litorânea colada em Santa Cruz de Cabrália, cidade histórica a 23 quilômetros ao norte da não menos histórica Porto Seguro, na Bahia.

Aliás, soa estranho saber que os emissários germânicos começaram a circular em 2010 na região, já que soubemos apenas no final de 2013 que a seleção de Joachim Löw se hospedaria ali, em centro a ser construído.


Hirmer (à direita) e Bierhoff (à esquerda), manager da seleção alemã, em Santo André.

Foi há quatro anos que Tobias Junge, Kay Bakemeier e Christian Hirmer compraram um terreno de 15 mil metros quadrados na Vila de Santo André. Ali foram construídas duas casas e, a partir de então foram frequentes as visitas de ilustres figuras do futebol alemão apareceram por lá. Um deles, o técnico da seleção alemã e outro Oliver Bierhoff, manager da seleção (foto).

Foi em 2010 que a Aquamarine, empresa responsável pelo Campo Bahia, entrou com solicitação de licenças para a construção de um condomínio residencial.

O movimento se intensificou, o projeto passou a ser um hotel amplamente divulgado no exterior e, em dezembro do ano passado, quando o sorteio da Copa colocou a Alemanha no “grupo do Nordeste” e a Federação anunciou a construção do Campo Bahia, os moradores de Santa Cruz de Cabrália e Santo André já sabiam há muito tempo que isso era um fato.

As obras seguem em ritmo frenético. As balsas vão e vem com mão-de-obra e material de construção, na única forma de travessia entre Cabrália e o local de trabalho. Mas nada que sirva para a comunidade sequer chegou ao papel, como saneamento básico e um hospital, que inexistem na Vila.

As licenças concedidas em 2011 para construção de condomínio já não valem mais, a ideia dos chalés foi abandonada e o projeto agora é que aquilo se torne um resort após a Copa. As irregularidades se estendem à destruição de área de preservação ambiental em Coroa Alta, local do centro de treinamento, e o calculo de imposto é sobre números muito diferentes dos conhecidos na imprensa nacional e europeia: nada dos cerca de 30 milhões de reais inicialmente divulgados. Em reunião com promotores, conselheiros, vereadores, biólogos, índios e moradores de Santa Cruz de Cabrália, nessa semana, um engenheiro da Aquamarine apresentou um gasto de 11 milhões de reais, com impostos proporcionais de 60 mil.

Entregaram uma ambulância, avaliada em 45 mil, que serviu de entrada. Os moradores da pacata e paradisíaca Vila de Santo André não entendem. “Porque eles escolheram esse lugar, ao invés de outras 83 sugestões apresentadas pela FIFA ?”

Esse é o cenário nestes momentos finais de acabamento das estruturas que receberão uma das seleções favoritas ao título mundial. Acabamento seria até uma palavra forte. Em matérias que já repercutem na Europa, o jornalista alemão Jens Glüsing, da revista semanal mais importante da Alemanha, Der Spiegel, tem alertado para o absurdo da iniciativa e já avisou que os jogadores da seleção vão chegar e conviver algum tempo com pintores e pedreiros.

Vai ser uma sobrevivência de 40 dias, talvez mais difícil até que enfrentar Portugal, Gana e Estados Unidos, os adversários dos alemães no Grupo G, na primeira fase da Copa do Mundo.

por Luis Calvozo – Editor-Chefe do Futebol no Mundo da ESPN Brasil
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