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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Rossi promete faxina na Conab, ordenada por Dilma

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi

Ministro lamenta demissão de seu braço-direto, Milton Ortolan: "Ele é de minha confiança, mas tinha ingenuidade absoluta.” Rossi nega conhecer lobista

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, deu sinais nesta quarta-feira de que a faxina ordenada pela presidente Dilma Rousseff na pasta já começou. Em depoimento à Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, Rossi afirmou que mudará a estrutura da área jurídica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foco de um esquema de corrupção revelado por VEJA. 
Questionado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO) sobre a necessidade de trocar a diretoria do órgão, Rossi respondeu: “A presidente Dilma tem todo o interesse que imperfeições sejam corrigidas e nos deu força total para fazê-lo. Ela quer que tome atitudes muito fortes, independentemente de qualquer limitação politica, focando grandemente na competência pessoal. Vamos mudar a estrutura jurídica da Conab, que hoje infelizmente é feita por escritórios terceirizados. Haverá mudanças também da diretoria do órgão."
Durante os quarenta minutos em que prestou as declarações iniciais na Comissão de Agricultura do Senado, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, foi evasivo e tentou se desvincular das irregularidades na pasta. Escoltado pelos senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL), Valdir Raupp (RO) e Romero Jucá (RR), o ministro chegou à comissão aparentando estar à vontade. Antes do depoimento, trancou-se em uma sala com a cúpula do PMDB por alguns minutos, para acertar os últimos detalhes do discurso. É a segunda vez que o ministro vai ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre escândalos na pasta.

Rossi voltou a afirmar que as acusações contra a Conab envolvem advogados da autarquia que teriam atuado contra o órgão. “Detectamos ato imoral de um procurador que fez conluio com a parte contrária para dar golpe de 150 milhões ao Erário. Impedimos que isso se concretizasse. Não há nenhuma acusação contra mim. A Spam, através de um conluio de um procurador da Conab e seus advogados, estava tentando dar um golpe, que tentamos anular judicialmente. Eles pretendiam roubar o dinheiro público”, disse o ministro.

A Sociedade Produtora de Alimentos Manhuaçu (Spam) tinha um processo de cobrança judicial contra a Conab que se arrastava há meses. O órgão, colocou-se à disposição para fazer o pagamento – mediante pagamento de propina de 15% do valor do contrato de 150 milhões de reais.

Lobista - O ministro não citou em sua fala inicial a atuação do lobista Júlio Fróes na pasta. Só comentou o assunto depois de ser questionado pela oposição. "Nenhum lobista tinha sala privativa", disse o ministro. Reportagem de VEJA mostra em fotos e relatos a atuação de Fróes dentro da sede do ministério. Ele tinha sala dentro do prédio, mesmo não sendo funcionário público, e liberava processos de licitações de forma irregular e por meio de pagamento de propinas. “Nunca vi esse lobista na minha vida. Certa vez o cumprimentei com professores da PUC em uma circunstância. Eu cumprimento muita gente por ser ministro."  Fróes se apresenta como representante do Ministério da Agricultura. Funcionários disseram a VEJA que, em certa ocasião, ele lhes contou como pediu uma "gratificação" de 10% aos donos de uma gráfica - a Gráfica Brasil - em troca da renovação de um contrato com o ministério. Ele assegurou ter agido assim por instrução do então secretário-executivo, Milton Ortolan. “A Gráfica Brasil tinha contrato no valor de 8 milhões de reais e sofreu oito aditamentos, todos anteriores a minha entrada no ministério. A gráfica é uma empresa que tinha problemas, detectamos, paralisamos e contratamos outra empresa”, justificou nesta quarta-feira Rossi. Ingenuidade e ódio - O ministro lamentou ainda a demissão de Ortolan no sábado. “Lamento o que ocorreu com meu secretário-executivo, ele se sentiu tão profundamente ofendido... eu não queria que ele fosse demitido, queria que ele fosse afastado. Ele é de minha confiança, mas tinha ingenuidade absoluta”, disse Rossi. O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), rebateu: “Não é possível Ortolan não saber da presença de um lobista com atividade intensa no Ministério da Agricultura.”Rossi colocou-se no papel de vítima ao falar da demissão de Oscar Jucá Neto da diretoria financeira da Conab. "Não sei sentir ódio. Não vou processar Oscar Jucá e não quero causar constrangimentos às pessoas ao lado dele", disse o ministro. Oscar aprovou pagamentos na Conab de forma ilegal, conforme mostrou VEJA. "A perfeição é um objetivo que temos que perseguir sempre, mas é difícil de conseguir. Não houve ilegalidade ou má-fé".As denúncias - Reportagem da edição desta semana de VEJA mostra a atuação de um lobista chamado Júlio Fróes, que vem operando dentro do Ministério da Agricultura. “Doutor Júlio”, como é conhecido pelos servidores, goza de privilégios. Tem acesso liberado à entrada privativa do ministério e usa uma sala com computador, telefone e secretária na sobreloja do prédio, onde está instalada a Comissão de Licitação - repartição que elabora as concorrências que, só neste ano, deverão liberar 1,5 bilhão de reais da pasta.Em seu escritório clandestino, Julio Fróes prepara editais, analisa processos de licitação e, ao mesmo tempo, cuida dos interesses de empresas que concorrem às verbas. No ano passado, acompanhado pelo secretário executivo Milton Ortolan - braço direito do ministro Wagner Rossi - Fróes se instalou pela primeira vez na sala para redigir um documento que justificava a contratação dos serviços da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foram dois dias de trabalho, ao cabo dos quais o ministro Rossi autorizou a contratação da entidade, sem licitação, com pagamentos de 9 milhões de reais. O representante da fundação beneficiada? O próprio Júlio Froes. Meses mais tarde, o lobista convocou uma reunião com funcionários que o haviam auxiliado na elaboração do documento. O encontro aconteceu na sala da Assessoria Parlamentar, no oitavo andar do ministério. Cada um que chegava recebia uma pasta. As pastas continham dinheiro - uma "agendinha", no dizer do lobista.Froes também se apresenta como representante do Ministério da Agricultura. Funcionários disseram a VEJA que, em certa ocasião, ele lhes contou como pediu uma "gratificação" de 10% aos donos de uma gráfica - a Gráfica Brasil - em troca da renovação de um contrato com o ministério. Mais ainda: ele assegurou ter agido assim por instrução de Milton Ortolan.  "Realmente essa proposta nos foi feita por alguém que se apresentava em nome do ministro", disse à revista um dos responsáveis pela área comercial da empresa.Em entrevista gravada, Júlio Fróes afirmou conhecer o ministro Wagner Rossi e o secretário executivo Milton Ortolan. Enfilerou, em seguida, um rosário de negações. Negou frequentar o prédio do ministério - onde foi flagrado pela reportagem na última quarta-feira, como atesta uma série de fotos. Negou ser representante da Fundasp, enquanto até o ministério diz que ele representou a entidade. E, subitamente, indagou: “Eu tenho gravações que comprometem o Ortolan. Quanto você me paga?”







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