Onze horas da manhã de uma quinta-feira e uma pequena multidão se aglomera no Viaduto do Chá, no Centro da capital paulista. Uma figura de paletó verde e dourado, camisa amarela e gravata borboleta tenta conversar com jornalistas, mas é constantemente interrompido por fãs que fazem fila para tirar foto. “É o Marquito do Programa do Ratinho”, cochicham os mais tímidos e gritam os motoristas mais desinibidos. O que poucos deles sabem, entretanto, é o verdadeiro motivo para o humorista estar ali. “Ele é candidato?”, pergunta uma fã mais curiosa ao se aproximar e perceber o teor das perguntas. “Qual é o número dele? Eu vou votar nele!”, afirma sem prestar muito atenção ao que o candidato respondia.
Também na região central de São Paulo, uma tranquila tarde na Rua 25 de Março é interrompida pelo burburinho causado com a chegada de uma loira alta, de lentes de contato azuis e um espartilho verde que lhe proporciona uma cinturinha inimaginável de 62 centímetros, transformando as proporções entre quadril e busto ainda mais exuberantes. Entre os seios fartíssimos da Mulher Pera vão os santinhos da funkeira candidata a vereadora na Câmara Municipal da maior cidade do país. “Eu me lembro dela aqui na eleição passada”, afirma um vendedor sobre a tentativa de Suelem Aline Mendes Silva, de 25 anos, de conseguir uma vaga de deputada federal em 2010.
Marquito e Pera representam os candidatos que querem pegar carona na popularidade como da TV e dos palcos para desbancar os políticos nas urnas, a exemplo do palhaço Tiririca, deputado federal eleito pelo PR com a impressionante marca de mais de 1,3 milhões de votos. Depois de enfrentar a Justiça para comprovar que sabe ler e escrever, Tiririca assumiu o cargo e hoje ocupa uma cadeira na Câmara dos Deputados representando São Paulo.
Na maior cidade do país, com 55 vagas na câmara e 1.200 postulantes, Marquito, Pera e outros artistas se apresentam como “do lado do povo” e como uma alternativa para o "vício da corrupção" na política. “Vou fazer uma drenagem na corrupção. Vou enfiar o dedo na cara do ladrão”, canta Pera no jingle que ela mesma compôs. Já mais ao estilo Tiririca, Marquito adotará um slogan com tom de piada: “Esquisito por esquisito, vote no Marquito”. “É quase aquele lá, né?”, admite o próprio candidato, procurando evitar, entretanto, que a comparação vá mais além.
Mesmo com o figurino sugestivo, Pera pede para os eleitores lerem as suas propostas, que vem imprensas no verso do santinho. Uma das dificuldades dos candidatos famosos é provar a capacidade para atuar na vida política. “Tem o preconceito. Mas eu estou pesquisando São Paulo”, afirma a candidata, que tem entre seus projetos brigar por mais creches e internet nas escolas. Porém, sobre temas como Cracolândia e pedágio urbano, a loira prefere não comentar.
Cidade que elegeu o palhaço Tiririca com mais de um milhão de votos, São Paulo é um celeiro de candidatos-celebridade. A relação de concorrentes famosos (ou nem tanto), que tentam desbancar os políticos mais experientes, tem nomes como o ex-BBB Serginho (PSD), os ex-jogadores de futebol Dinei (PDT) e Marcelinho Carioca (PSB), o ator Paulo César Pereio (PSB) e o cantor Kiko (PSD), do KLB. Também estão na lista a Vovó da Fiel, a apresentadora Nani Venâncio e Marcello Frisoni, que no caso pega carona na fama da esposa, a apresentadora Ana Maria Braga.
Apresentadora de TV, a candidata a vereadora pelo PRB Nani Venâncio foi musa dos anos 90 por aparecer nua na abertura da novela Pantanal. Porém, afirma ser “antimulher-fruta”. “Eu tenho projetos”, diz. Entrar na política não foi iniciativa sua, garante. “A política nunca foi a minha, nunca quis e também não preciso. Só encarei essa porque o Celso me pediu”, diz, referindo-se ao seu colega de TV e amigo, Celso Russomanno, candidato a prefeito de São Paulo. Além disso, a apresentadora afirma que, após ficar na UTI por causa de um AVC, sofrido em 2009, ela quer “fazer o bem para o povo”. Para se preparar, Nani fez o dever de casa: participou de todos os cursos e encontros promovidos pelo partido e tem percorrido a cidade junto com Russomanno.
Aos 84 anos de idade e com mais de 60 de carreira, a cantora Angela Maria está confiante na vitória e não vê a idade como uma limitação para sua candidatura a vereadora. Convidada pela presidente do PTB–Mulher, Marlene Campos Machado, a cantora afirma que sua principal bandeira de campanha será o fim da violência doméstica e a luta pelos direitos dos idosos. Mas quando o assunto são propostas específicas, atuação parlamentar, ou temas importantes discutidos na cidade nos últimos meses, Angela diz que, depois de eleita, “vou estudar isso tudo”.
Sergio Luiz de Barros Franceschini, o Serginho “Orgastic”, ficou conhecido pela personalidade extravagante durante sua participação na décima edição do reality show Big Brother Brasil, em 2010. Fã de salto alto e da cantora Lady Gaga, o ex-BBB chegou a interpretar a si mesmo no humorístico “Zorra Total” após deixar o reality. Candidato a vereador pela primeira vez, aos 27 anos, Serginho tem entre suas propostas o combate à homofobia e defesa da causa LGBT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais).
Além do efeito Tiririca – Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, a tendência de que candidatos famosos resolvam entrar para a política não é uma novidade e nem exclusividade do Brasil. “Não há como negar o efeito Tiririca, mas a participação desses candidatos nas eleições já vem acontecendo há muito tempo”, afirma o professor. “Os partidos dão legenda a esses candidatos pela sua visibilidade. Aquele sujeito que é fã de um determinado jogador, de um determinado ator, transfere essa simpatia e traduz em voto”.
“É uma relação de mão-dupla: os partidos procuram esses candidatos, mas também são procurados por eles. Isso faz parte da vida democrática, sobretudo num país em que os partidos políticos não são lá tão programáticos e doutrinários”, opina o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf. O professor afirma, entretanto, que a fama sozinha não garante o bom desempenho nas urnas. “Estamos cheios de nomes tanto do meio artístico, como do meio esportivo, que não conseguiram se eleger ou que não tiveram votação expressiva. Apenas um ou outro acaba se saindo bem”.
Na opinião de Peixoto, mesmo que esses candidatos sejam bem intencionados, é difícil que consigam na prática implementar muitas mudanças no cenário político. “Às vezes a intenção é inviabilizada pelas questões operacionais. Muitas vezes você pensa que pode fazer uma coisa, mas as condições objetivas do desenvolvimento de um mandato não permitem, e você só descobre isso depois que está lá”, diz o professor. Já Tavares Maluf acredita que a ignorância do funcionamento parlamentar não é exclusividade dos candidatos famosos. “Eu diria que quase todos os candidatos de primeira viagem desconhecem muito, senão tudo, daquilo que vão encarar caso sejam eleitos”, diz. “Como a legislação não cobra nada nesse sentido, são poucos os que têm conhecimento para além das linhas gerais sobre o que faz um parlamentar”.
Contudo, o professor diz que o desconhecimento não representa, necessariamente, uma má atuação. “Vai depender, nesse meio tempo entre o momento em que ele é eleito e o começo dos trabalhos no ano seguinte, se ele vai se preocupar em aprender”, diz Tavares Maluf. Ele garante que em três meses de dedicação é possível ter uma boa noção da atividade parlamentar.
Quem escolhe o candidato garante que não é bobo, e que não é uma cara famosa ou um corpo bonito que conquistará o voto. “Se famoso ajuda, mas tem que ter propostas”, afirma o ajudante-geral Reginaldo Moraes, de 38 anos, que acompanhou o cortejo da Mulher Pera pela 25 de Março. Cético, o eleitor vê na constelação de candidatos-celebridade uma preocupante constatação: “Acho que as pessoas não estão mais levando a política a sério”, sentencia.
O ex-atacante do Corinthians, de 41 anos, é até hoje um dos mais queridos pela torcida. Claudinei Alexandre Pires, o Dinei, participou da conquista de três títulos do Campeonato Brasileiro pelo clube (1990, 1998, 1999) e foi campeão mundial em 2000. Em 2011, participou da quarta edição do reality show “A Fazenda”, sendo o nono participante a ser eliminado do programa. Essa é a terceira tentativa de Dinei na política. Já foi candidato a vereador em 2008 e a deputado estadual em 2010, perdendo ambas as disputas.
Além do efeito Tiririca – Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, a tendência de que candidatos famosos resolvam entrar para a política não é uma novidade e nem exclusividade do Brasil. “Não há como negar o efeito Tiririca, mas a participação desses candidatos nas eleições já vem acontecendo há muito tempo”, afirma o professor. “Os partidos dão legenda a esses candidatos pela sua visibilidade. Aquele sujeito que é fã de um determinado jogador, de um determinado ator, transfere essa simpatia e traduz em voto”.
“É uma relação de mão-dupla: os partidos procuram esses candidatos, mas também são procurados por eles. Isso faz parte da vida democrática, sobretudo num país em que os partidos políticos não são lá tão programáticos e doutrinários”, opina o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf. O professor afirma, entretanto, que a fama sozinha não garante o bom desempenho nas urnas. “Estamos cheios de nomes tanto do meio artístico, como do meio esportivo, que não conseguiram se eleger ou que não tiveram votação expressiva. Apenas um ou outro acaba se saindo bem”.
Na opinião de Peixoto, mesmo que esses candidatos sejam bem intencionados, é difícil que consigam na prática implementar muitas mudanças no cenário político. “Às vezes a intenção é inviabilizada pelas questões operacionais. Muitas vezes você pensa que pode fazer uma coisa, mas as condições objetivas do desenvolvimento de um mandato não permitem, e você só descobre isso depois que está lá”, diz o professor. Já Tavares Maluf acredita que a ignorância do funcionamento parlamentar não é exclusividade dos candidatos famosos. “Eu diria que quase todos os candidatos de primeira viagem desconhecem muito, senão tudo, daquilo que vão encarar caso sejam eleitos”, diz. “Como a legislação não cobra nada nesse sentido, são poucos os que têm conhecimento para além das linhas gerais sobre o que faz um parlamentar”.
Contudo, o professor diz que o desconhecimento não representa, necessariamente, uma má atuação. “Vai depender, nesse meio tempo entre o momento em que ele é eleito e o começo dos trabalhos no ano seguinte, se ele vai se preocupar em aprender”, diz Tavares Maluf. Ele garante que em três meses de dedicação é possível ter uma boa noção da atividade parlamentar.
Quem escolhe o candidato garante que não é bobo, e que não é uma cara famosa ou um corpo bonito que conquistará o voto. “Se famoso ajuda, mas tem que ter propostas”, afirma o ajudante-geral Reginaldo Moraes, de 38 anos, que acompanhou o cortejo da Mulher Pera pela 25 de Março. Cético, o eleitor vê na constelação de candidatos-celebridade uma preocupante constatação: “Acho que as pessoas não estão mais levando a política a sério”, sentencia.
Angela Maria se lançou como cantora em programas de calouro e se consagrou como estrela da época de ouro do rádio brasileiro pelas interpretações de sambas-canção. Com mais de sessenta anos de carreira, entre seus maiores sucessos estão “Babalu”, “Gente humilde” e “Lábios de mel”. Apelidada pelo presidente Getúlio Vargas de “Sapoti”, já cantou ao lado de nomes como Elis Regina, Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Caetano Veloso, entre outros. Aos 84 anos de idade, a candidata pretende defender o direito dos idosos e lutar contra a violência doméstica.
Além do efeito Tiririca – Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, a tendência de que candidatos famosos resolvam entrar para a política não é uma novidade e nem exclusividade do Brasil. “Não há como negar o efeito Tiririca, mas a participação desses candidatos nas eleições já vem acontecendo há muito tempo”, afirma o professor. “Os partidos dão legenda a esses candidatos pela sua visibilidade. Aquele sujeito que é fã de um determinado jogador, de um determinado ator, transfere essa simpatia e traduz em voto”.
“É uma relação de mão-dupla: os partidos procuram esses candidatos, mas também são procurados por eles. Isso faz parte da vida democrática, sobretudo num país em que os partidos políticos não são lá tão programáticos e doutrinários”, opina o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf. O professor afirma, entretanto, que a fama sozinha não garante o bom desempenho nas urnas. “Estamos cheios de nomes tanto do meio artístico, como do meio esportivo, que não conseguiram se eleger ou que não tiveram votação expressiva. Apenas um ou outro acaba se saindo bem”.
Na opinião de Peixoto, mesmo que esses candidatos sejam bem intencionados, é difícil que consigam na prática implementar muitas mudanças no cenário político. “Às vezes a intenção é inviabilizada pelas questões operacionais. Muitas vezes você pensa que pode fazer uma coisa, mas as condições objetivas do desenvolvimento de um mandato não permitem, e você só descobre isso depois que está lá”, diz o professor. Já Tavares Maluf acredita que a ignorância do funcionamento parlamentar não é exclusividade dos candidatos famosos. “Eu diria que quase todos os candidatos de primeira viagem desconhecem muito, senão tudo, daquilo que vão encarar caso sejam eleitos”, diz. “Como a legislação não cobra nada nesse sentido, são poucos os que têm conhecimento para além das linhas gerais sobre o que faz um parlamentar”.
Contudo, o professor diz que o desconhecimento não representa, necessariamente, uma má atuação. “Vai depender, nesse meio tempo entre o momento em que ele é eleito e o começo dos trabalhos no ano seguinte, se ele vai se preocupar em aprender”, diz Tavares Maluf. Ele garante que em três meses de dedicação é possível ter uma boa noção da atividade parlamentar.
Quem escolhe o candidato garante que não é bobo, e que não é uma cara famosa ou um corpo bonito que conquistará o voto. “Se famoso ajuda, mas tem que ter propostas”, afirma o ajudante-geral Reginaldo Moraes, de 38 anos, que acompanhou o cortejo da Mulher Pera pela 25 de Março. Cético, o eleitor vê na constelação de candidatos-celebridade uma preocupante constatação: “Acho que as pessoas não estão mais levando a política a sério”, sentencia.
É a segunda vez que Marco Antonio Ricciardelli, o Marquito, tenta a candidatura a vereador, mas a primeira pela cidade de São Paulo. O comediante de 52 anos, que já foi pintor de quadros na Praça da República, é sobrinho do apresentador Raul Gil, mas ficou conhecido nacionalmente pela participação em quadros do “Programa do Ratinho”. O candidato afirma que sua principal bandeira de campanha será a saúde.
Além do efeito Tiririca – Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, a tendência de que candidatos famosos resolvam entrar para a política não é uma novidade e nem exclusividade do Brasil. “Não há como negar o efeito Tiririca, mas a participação desses candidatos nas eleições já vem acontecendo há muito tempo”, afirma o professor. “Os partidos dão legenda a esses candidatos pela sua visibilidade. Aquele sujeito que é fã de um determinado jogador, de um determinado ator, transfere essa simpatia e traduz em voto”.
“É uma relação de mão-dupla: os partidos procuram esses candidatos, mas também são procurados por eles. Isso faz parte da vida democrática, sobretudo num país em que os partidos políticos não são lá tão programáticos e doutrinários”, opina o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf. O professor afirma, entretanto, que a fama sozinha não garante o bom desempenho nas urnas. “Estamos cheios de nomes tanto do meio artístico, como do meio esportivo, que não conseguiram se eleger ou que não tiveram votação expressiva. Apenas um ou outro acaba se saindo bem”.
Na opinião de Peixoto, mesmo que esses candidatos sejam bem intencionados, é difícil que consigam na prática implementar muitas mudanças no cenário político. “Às vezes a intenção é inviabilizada pelas questões operacionais. Muitas vezes você pensa que pode fazer uma coisa, mas as condições objetivas do desenvolvimento de um mandato não permitem, e você só descobre isso depois que está lá”, diz o professor. Já Tavares Maluf acredita que a ignorância do funcionamento parlamentar não é exclusividade dos candidatos famosos. “Eu diria que quase todos os candidatos de primeira viagem desconhecem muito, senão tudo, daquilo que vão encarar caso sejam eleitos”, diz. “Como a legislação não cobra nada nesse sentido, são poucos os que têm conhecimento para além das linhas gerais sobre o que faz um parlamentar”.
Contudo, o professor diz que o desconhecimento não representa, necessariamente, uma má atuação. “Vai depender, nesse meio tempo entre o momento em que ele é eleito e o começo dos trabalhos no ano seguinte, se ele vai se preocupar em aprender”, diz Tavares Maluf. Ele garante que em três meses de dedicação é possível ter uma boa noção da atividade parlamentar.
Quem escolhe o candidato garante que não é bobo, e que não é uma cara famosa ou um corpo bonito que conquistará o voto. “Se famoso ajuda, mas tem que ter propostas”, afirma o ajudante-geral Reginaldo Moraes, de 38 anos, que acompanhou o cortejo da Mulher Pera pela 25 de Março. Cético, o eleitor vê na constelação de candidatos-celebridade uma preocupante constatação: “Acho que as pessoas não estão mais levando a política a sério”, sentencia.
Suelem Aline Mendes Silva, a Mulher Pera, tenta pela segunda vez se eleger. Na disputa para deputado federal em 2010, seus votos não foram computados por uma multa pendente com a Justiça Eleitoral. Agora ela tenta uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo prometendo lutar pelas mulheres.
Além do efeito Tiririca – Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, a tendência de que candidatos famosos resolvam entrar para a política não é uma novidade e nem exclusividade do Brasil. “Não há como negar o efeito Tiririca, mas a participação desses candidatos nas eleições já vem acontecendo há muito tempo”, afirma o professor. “Os partidos dão legenda a esses candidatos pela sua visibilidade. Aquele sujeito que é fã de um determinado jogador, de um determinado ator, transfere essa simpatia e traduz em voto”.
“É uma relação de mão-dupla: os partidos procuram esses candidatos, mas também são procurados por eles. Isso faz parte da vida democrática, sobretudo num país em que os partidos políticos não são lá tão programáticos e doutrinários”, opina o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf. O professor afirma, entretanto, que a fama sozinha não garante o bom desempenho nas urnas. “Estamos cheios de nomes tanto do meio artístico, como do meio esportivo, que não conseguiram se eleger ou que não tiveram votação expressiva. Apenas um ou outro acaba se saindo bem”.
Na opinião de Peixoto, mesmo que esses candidatos sejam bem intencionados, é difícil que consigam na prática implementar muitas mudanças no cenário político. “Às vezes a intenção é inviabilizada pelas questões operacionais. Muitas vezes você pensa que pode fazer uma coisa, mas as condições objetivas do desenvolvimento de um mandato não permitem, e você só descobre isso depois que está lá”, diz o professor. Já Tavares Maluf acredita que a ignorância do funcionamento parlamentar não é exclusividade dos candidatos famosos. “Eu diria que quase todos os candidatos de primeira viagem desconhecem muito, senão tudo, daquilo que vão encarar caso sejam eleitos”, diz. “Como a legislação não cobra nada nesse sentido, são poucos os que têm conhecimento para além das linhas gerais sobre o que faz um parlamentar”.
Contudo, o professor diz que o desconhecimento não representa, necessariamente, uma má atuação. “Vai depender, nesse meio tempo entre o momento em que ele é eleito e o começo dos trabalhos no ano seguinte, se ele vai se preocupar em aprender”, diz Tavares Maluf. Ele garante que em três meses de dedicação é possível ter uma boa noção da atividade parlamentar.
Quem escolhe o candidato garante que não é bobo, e que não é uma cara famosa ou um corpo bonito que conquistará o voto. “Se famoso ajuda, mas tem que ter propostas”, afirma o ajudante-geral Reginaldo Moraes, de 38 anos, que acompanhou o cortejo da Mulher Pera pela 25 de Março. Cético, o eleitor vê na constelação de candidatos-celebridade uma preocupante constatação: “Acho que as pessoas não estão mais levando a política a sério”, sentencia.
Nani Venâncio foi musa nos anos 90 e hoje é apresentadora de TV. Mas a candidata não quer ser reconhecida pelo eleitor por sua beleza, mas sim por suas propostas. "Já faço serviço social nos meus programas e pretendo manter a minha equipe para fazer atendimento à população".
Além do efeito Tiririca – Para o cientista político da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, a tendência de que candidatos famosos resolvam entrar para a política não é uma novidade e nem exclusividade do Brasil. “Não há como negar o efeito Tiririca, mas a participação desses candidatos nas eleições já vem acontecendo há muito tempo”, afirma o professor. “Os partidos dão legenda a esses candidatos pela sua visibilidade. Aquele sujeito que é fã de um determinado jogador, de um determinado ator, transfere essa simpatia e traduz em voto”.
“É uma relação de mão-dupla: os partidos procuram esses candidatos, mas também são procurados por eles. Isso faz parte da vida democrática, sobretudo num país em que os partidos políticos não são lá tão programáticos e doutrinários”, opina o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Rui Tavares Maluf. O professor afirma, entretanto, que a fama sozinha não garante o bom desempenho nas urnas. “Estamos cheios de nomes tanto do meio artístico, como do meio esportivo, que não conseguiram se eleger ou que não tiveram votação expressiva. Apenas um ou outro acaba se saindo bem”.
Na opinião de Peixoto, mesmo que esses candidatos sejam bem intencionados, é difícil que consigam na prática implementar muitas mudanças no cenário político. “Às vezes a intenção é inviabilizada pelas questões operacionais. Muitas vezes você pensa que pode fazer uma coisa, mas as condições objetivas do desenvolvimento de um mandato não permitem, e você só descobre isso depois que está lá”, diz o professor. Já Tavares Maluf acredita que a ignorância do funcionamento parlamentar não é exclusividade dos candidatos famosos. “Eu diria que quase todos os candidatos de primeira viagem desconhecem muito, senão tudo, daquilo que vão encarar caso sejam eleitos”, diz. “Como a legislação não cobra nada nesse sentido, são poucos os que têm conhecimento para além das linhas gerais sobre o que faz um parlamentar”.
Contudo, o professor diz que o desconhecimento não representa, necessariamente, uma má atuação. “Vai depender, nesse meio tempo entre o momento em que ele é eleito e o começo dos trabalhos no ano seguinte, se ele vai se preocupar em aprender”, diz Tavares Maluf. Ele garante que em três meses de dedicação é possível ter uma boa noção da atividade parlamentar.
Quem escolhe o candidato garante que não é bobo, e que não é uma cara famosa ou um corpo bonito que conquistará o voto. “Se famoso ajuda, mas tem que ter propostas”, afirma o ajudante-geral Reginaldo Moraes, de 38 anos, que acompanhou o cortejo da Mulher Pera pela 25 de Março. Cético, o eleitor vê na constelação de candidatos-celebridade uma preocupante constatação: “Acho que as pessoas não estão mais levando a política a sério”, sentencia.

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