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sábado, 15 de setembro de 2012

OS CANDIDATOS MULAS ELEITORAIS DE SANTA CRUZ CABRÁLIA-BAHIA



Candidato, vocábulo que deriva de cândido,  puro, íntegro. Quem dera a maioria correspondesse a essa etimologia... A  ingenuidade de muitos candidatos a vereador se desfaz quando, convidado a  concorrer às eleições, acredita que, se eleito, não será “como os outros”  (quantos não disseram isso no passado e hoje...) e prestará excelente serviço  ao município.

O que poucos candidatos desconfiam é que  servem de escada ou de mula eleitoral para a vitória eleitoral de políticos que eles criticam. Para  se eleger vereador, deputado estadual ou federal, é preciso obter quociente  eleitoral - aqui reside o pulo do gato. 

A Câmara Municipal comporta de 9 a 55 vereadores, de  acordo com a população do município no caso de Cabrália serão 11 vagas em 2013. Cândidos eleitores imaginam que são  empossados os candidatos que recebem mais votos. Ledo engano. João pode ser  eleito ainda que receba menos votos do que Maria. Basta o partido do João  atingir o quociente eleitoral. 

Vamos supor, o município de Santa Cruz Cabrália-Bahia tem atualmente 17.717 eleitores.

Exemplo: Destes 17.717 eleitores, 2.500 deixam de votar, votam em branco ou anulam o voto. São  considerados válidos, portanto, 15.217 votos. Como a Câmara Municipal tem 11  vagas, divide-se o número de votos válidos pelo número de vagas. O resultado  dá o quociente eleitoral: 1.383 votos. Todo candidato que obtiver nas urnas 1.383 votos ou mais, será eleito vereador garantido sem precisar de nenhuma ajuda de outro candidato "mula".

É muito difícil um único candidato obter, sozinho,  votos suficientes para preencher o quociente eleitoral. Casos como o do  Tiririca são raros no Brasil. A Justiça Eleitoral soma os votos de todos os candidatos  da mesma coligação ou partido, mais os votos dados apenas ao partido, sem indicação de  candidato. 

A cada 1.383 votos que a coligação recebeu, o  candidato mais votado vira vereador. Se a coligação obteve 4.150 votos, ele  terá, na Câmara Municipal, três vereadores. Os demais candidatos, que  individualmente receberam menos votos do que os três empossados, ficam como  suplentes. E a coligação que obtiver menos de 1.383 votos, neste exemplo, não faz  nenhum vereador. 

A lei permite que uma coligação apresente um número de  candidatos até uma vez e meia o número de vagas na Câmara. Se o partido se  coliga com outros partidos, a coligação pode apresentar candidatos em número  duas vezes superior à quantidade de vereadores que o município comporta. Para  uma Câmara que comporta 11 vereadores, cada partido pode ter 17 candidatos, e  cada coligação, 22. Esta a razão pela qual os partidos lançam muitos  candidatos. Quanto mais votos os candidatos obtêm, mais chance tem o partido,  ou a coligação, de atingir o quociente eleitoral. E, portanto, de eleger os  candidatos com maior votação individual. 

Ora, se você pensa em ser candidato, fique de olho.  Pode ser que esteja servindo de degrau. escada ou mula eleitoral para a ascensão de candidatos cuja  prática política você condena, como a falta de ética. Enquanto não houver  reforma política, o sistema eleitoral funciona assim: muitos novos candidatos  reelegem os mesmos políticos de sempre!

Se você é, como eu, apenas eleitor, saiba que escolher  o partido é mais importante que escolher o candidato. Votar de olho somente no  candidato pode resultar, caso ele não seja eleito, na eleição de outro  candidato do partido ou coligação. Como alerta o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, “mais  frequente, porém, é a derrota e a frustração de pessoas bem-intencionadas, mas  desinformadas. Ao se apresentarem como candidatas, elas mobilizam familiares,  amigos e vizinhos para a campanha. Terminadas as eleições, percebem que sua  votação só serviu para engordar o quociente eleitorado partido ou da  coligação... Descobrem, tarde demais, que eram apenas ‘candidatos  alavancas’” ou "mulas eleitorais" como tem muitos em Santa Cruz Cabrália-Bahia e nem sabem.

Convém ter presente que o nosso voto vai,  primeiro, para o partido e, depois, para o candidato. 

São raríssimos casos como o da manicure Sirlei  Brisida, eleita vereadora em Medianeira no Paraná. com apenas 1 voto. Seu  partido, o PPS, concorreu nas eleições de 2008 com nove candidatos. Pelo  quociente eleitoral, apenas Edir Moreira tomou posse. E se mudou para o PSDB,  acompanhado pelos outros sete suplentes. Sirlei, que adoeceu durante a  campanha eleitoral, e não pediu votos nem à família, permaneceu filiada ao  PPS. Agora, a Justiça Eleitoral decidiu que o mandato pertence ao partido, no  caso, ao PPS. Edir foi cassado e Sirlei, empossada.

Analista político Cabrália News

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