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domingo, 9 de setembro de 2012

Profissionais mais maduros estão sendo recrutados por empresas


Em Salvador, o supermercado Extra é um exemplo de empresa que abre caminho para os profissionais que já passaram dos 40



Victor Albuquerque
victor.silva@redebahia.com.br


São 4h30 da manhã quando Irapuã Araújo, 50 anos, levanta e começa a se arrumar para o trabalho. E tem que ser no pique, para não perder o ônibus das 5h10 que sai de Amaralina onde mora até Porto Seco Pirajá. O destino é a empresa Base Indústria Nordeste, onde ele dá expediente no almoxarifado das 7h às 17h, diariamente. Formado em Contabilidade, Araújo afirma que a experiência na área foi seu grande trunfo para conquistar a vaga que antes era ocupada por um jovem de 28 anos. “A idade pesa, mas a qualificação é primordial nessa hora”, diz.


Da esquerda para direita: Valdilene, Maria das Graças, Anésia dos Santos e Eremita encontraram oportunidade no supermercado Extra (Foto: Evandro Veiga)


Casos como o de Araújo se tornaram constantes no mercado de trabalho, afirmam especialistas da área de Recursos Humanos. De olho na maturidade e no comprometimento dos profissionais acima dos 40 anos, a faixa etária das seleções de emprego tem sido cada vez mais elástica. “Há cinco anos, o comum era que as companhias abrissem processo seletivo para profissionais de 20 a 30 anos. Atualmente, tem empresa que chega a nos pedir candidatos a partir de 30 até 55 anos”, conta a consultora e gestora de negócios da Efetiva RH, Deusaí Teles. 


Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam o aumento de contratação de pessoas mais maduras. Em Salvador, por exemplo, houve um crescimento de 76,6% na efetivação de pessoas acima dos 40 anos entre 2003 e 2011. “De tanto bater cabeça com pessoas mais jovens, as empresas estão querendo os profissionais mais experientes”, acrescenta Deusaí. 


De fato, a dificuldade em lidar com a chamada geração Y (pessoas nascidas entre 1984 e 1990) no ambiente de trabalho é apontada pelos especialistas como um dos principais fatores para a mudança de comportamento no universo empresarial. “Eles são mais instáveis e tendem a não ser tão fiéis às companhias. Os mais novos costumam ser levados pelo modismo. Os mais maduros têm vantagem nesses casos por serem mais metódicos e burocráticos”, comenta a assessora para recolocação da Véli Soluções em RH, Carine Cidade.


Oportunidade 
Aqui em Salvador, o supermercado Extra é um exemplo de empresa que abre caminho para os profissionais mais maduros. “É um público que está ativo, disposto a trabalhar e que possui uma facilidade de relacionamento com o cliente”, explica a gerente de RH da área de diversidade e qualidade de vida do Grupo Pão de Açúcar, Vandreia Oliveira. 


De acordo com ela, em todo o país, o grupo emprega mais de 2 mil funcionários acima dos 50 anos. São cargos que vão desde empacotadores até gerentes. Anésia Maria dos Santos, 54 anos, faz parte da equipe da rede e trabalha como operadora de caixa na loja da Vasco da Gama. A ela se junta o trio Maria das Graças Silva, 60, Valdilene Brito, 50, e Eremita da Silva, 54 anos. 


As quatro contam que conseguiram o emprego em um momento em que já não tinham mais esperança em voltar ao mercado. “Sempre fazia testes, passava, eles mandavam aguardar, mas nunca chamavam. Com certeza era por causa da idade já avançada”, recorda Anésia. “Quando consegui uma vaga aqui, fiquei feliz demais”, disse. 


Maria das Graças diz que passou pela mesma situação. Chegou a fazer quatro testes em outras empresas antes de entrar no Extra. O que a fez garantir a vaga? Ela conta: “Minha humildade acima de tudo. A experiência conta bastante, mas é preciso ser humilde. Eu visto a camisa da empresa. Trabalho aqui porque gosto. Sou feliz 24 horas”, conta ela, que afirma guardar uma sobra do salário para curtir uma cerveja e uma praia de vez em quando. “E já estou planejando minhas férias para outubro lá em São Paulo”, diz. 


Os salários da turma mais madura variam conforme a qualificação. Mas, de acordo com Deusaí Teles, muitos chegam a ganhar até 40% a mais que profissionais recém-formados para ocupar cargos de diretoria. 


Com diploma há 15 anos na área de Engenharia Ambiental, Robério Bonfim diz que só atingiu a maturidade profissional depois dos 40. “A vivência acaba por nos trazer mais segurança”. Há quatro meses, ele entrou num processo seletivo e garantiu uma vaga de diretor na BMA - Biomonitoramento em Meio Ambiente e dá a dica: “O sucesso depende da sensibilidade, do caráter, da postura ética e do relacionamento”, ensina.




Jovens não têm motivo para se preocupar, dizem especialistas
Apesar do aumento da procura por profissionais mais maduros, os jovens ainda não têm motivos para se preocupar. De acordo com a especialista Carine Cidade, mesmo com toda bagagem cultural e experiência adquirida ao longo da vida, os quarentões nem sempre se encaixam em todos os nichos de mercado.


A área de tecnologia, por exemplo, é predominantemente ocupada pelos mais jovens, segundo ela. “São pessoas mais antenadas, que estão conectadas o tempo inteiro e mais ágeis. Então as empresas ligadas a essa área ainda preferem contratar os mais novos”, explica. Carine aponta que as áreas de serviço e de saúde são as que mais recrutam os profissionais quarentões. “Devido ao cuidado e dedicação que eles possuem por natureza. Eles são mais amáveis e possuem mais facilidade em lidar com o público”, comenta.


Atualmente, o grande desafio das corporações é conseguir administrar dentro da organização os mais variados perfis de profissionais pelo bom desempenho do negócio. Para isso, os especialistas ensinam aos que desejam entrar no mercado que ter flexibilidade às mudanças é a saída para conseguir se manter. “É importante, principalmente, saber lidar com as diferenças”, acrescenta Carine. Para os mais jovens, a consultora de RH Deusaí Teles dá a dica: controlar a ansiedade é mais do que essencial. Isso porque os mais jovens, da chamada geração Y, tendem a ser mais imediatistas e estão sempre em busca de respostas rápidas (veja os perfis no gráfico ao lado), segundo ela. “É importante saber que tudo tem seu tempo. É preciso aproveitar as oportunidades e se adequar às necessidades das empresas”, finaliza a consultora.




CORREIO DA BAHIA
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