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quinta-feira, 18 de outubro de 2012

IBGE revela mudanças nas famílas e aponta que metade dos casamentos em Salvador não é oficial

Pela primeira vez na história do Censo, foi possível detectar casais de pessoas do mesmo sexo vivendo juntas.


Houve um tempo, não muito remoto, em que a palavra casamento remetia a apenas uma possibilidade: um homem e uma mulher dizendo ‘sim’ na frente do padre e depois assinando um documento para formalizar a união. Hoje, muitos casais não se enquadram nesse padrão.

Segundo um levantamento divulgado ontem pelo IBGE, quase a metade dos casais baianos (45,77%) que dividem o mesmo teto não é casada de papel passado. Se for considerada só a capital, o percentual é ainda maior: 49,73%, muito além da média nacional que ficou em 36,4%. O levantamento foi feito com dados do Censo de 2010.

“O que vale de verdade é o amor, e não um papel assinado e testemunhas”, filosofa o supervisor de hospital Carlos Henrique Mira da Fonseca, 27 anos. Ele e a companheira Carla Carolina de Oliveira Barreto Rocha, 24, dividem o mesmo teto há sete anos e têm até um filho, mas nunca se casaram formalmente.

Juntos, superaram momentos muito difíceis, como a morte da filha caçula, no ano passado, por motivos de saúde. “Graças a Deus, superamos tudo com muito amor e hoje vivemos muito bem com nossa família: eu, minha esposa, meu filho e um cachorro lindo”, conta Carlos Henrique.

Juntar as escovas de dentes sem passar pelo padre nem pelo cartório também foi a opção da publicitária Lília Raña Pimentel e do fisioterapeuta Gilberto Alves. A escolha por não casar, conta ela, foi surgindo naturalmente.

“Eu fiquei frustrada, sim, mas quando fiz as contas vi que não valia a pena. Minha família é grande, a festa ia ter que ser para uns 200 convidados. Não ia gastar menos de R$ 20 mil”, contabiliza a publicitária que, por ser espírita, não chegou a cogitar a igreja, que encareceria ainda mais a conta. “Casamento virou uma indústria. Se você ligar para um bufê ou um cerimonial, basta dizer que é para casamento, que tudo fica mais caro”, reclama. 

E dinheiro parece mesmo ser o principal motivo para as pessoas não se casarem no papel. Segundo o IBGE, o tipo de união é regulado especialmente pelo perfil de renda do casal, já que os casamentos formais incorrem em custos.

Por isso, o casamento formal no civil e no religioso constitui 64,2% das uniões do grupo de renda superior a cinco salários per capita, enquanto o percentual para a faixa de até meio salário era de apenas 28,4%. A mesma explicação se aplica aos brancos e católicos (que possuem rendimento maior do que a média).

Os católicos tinham o maior percentual de uniões do tipo casamento no civil e no religioso (44,7%). Entre os brancos, 51,9% das uniões eram registradas em cartórios e confirmadas em igrejas. Entre os pretos e pardos eram 32,2% e 34,4%, respectivamente.

Casais gays 
O próprio conceito de casal também mudou para o IBGE. Pela primeira vez na história do Censo, foi possível detectar casais de pessoas do mesmo sexo vivendo juntas. Isso porque o IBGE formulou uma questão sobre o sexo do cônjuge que vivia no mesmo domicílio do chefe da família.


No Brasil, 67 mil casais homossexuais foram contabilizados, 3,3 mil deles na Bahia. Do total, 52,6% dessas famílias estavam concentradas na região Sudeste, principalmente nas metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro. Depois, apareciam as regiões Nordeste (20,1% do total), Sul (13%), Centro-Oeste (8,4%) e Norte (5,9%). Dentre esses casais homossexuais, 53,8% eram constituídos por duas mulheres e 46,2% por dois homens. Ainda segundo o IBGE, 25,8% dos casais diziam ter superior completo e 47,4% se declaram católicos.

São pessoas como a artista Roberta Nascimento, 26, e a fotógrafa Talitha Andrade, 28. As duas moram juntas há quatro anos e contam que as famílias estranharam um pouco, no início, mas acabaram aceitando numa boa o relacionamento. “Eu já tive fase de achar que eu era hétero, e ficar só com meninos, depois veio a de bissexual. Mas desde os 22 que eu só fico com meninas”, conta Roberta, que é paulista e veio para Salvador para estudar Artes Cênicas.

As duas se conheceram quando Talitha foi fotografar um espetáculo do qual Roberta estava participando. “Eu tinha outra namorada, mas a gente se paquerou, depois acabamos ficando e eu terminei com a outra menina”.

Mulheres mais ricas e instruídas adiam maternidade
Quanto mais instruída ou mais rica, mais tarde as mulheres decidem pela maternidade, segundo dados do Censo de 2010. A idade média das mães da classe sem rendimento era de 25,7 anos em 2010. Já entre as mulheres com renda superior a 5 salários mínimos (R$ 3.110) per capita, a idade subia para 31,9 anos.


Entre mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, a idade média para ter filhos era menor (25,4 anos) do que das mulheres com ensino superior (30,9 anos). Mulheres com superior completo tinham também uma taxa de fecundidade mais baixa, de apenas 1,14 filho. Já as que estudaram no máximo até o fundamental incompleto geravam 3,09 filhos, em média.

Dados inéditos do Censo do IBGE de 2010 mostram ainda que os brasileiros buscam seu “par perfeito” em seus próprios grupos étnicos e entre pessoas com o mesmo nível de instrução, o que revela a tendência do casamento ‘entre iguais’. O exemplo mais evidente desse movimento é que 75,2% dos homens e 73,7% das mulheres brancas casavam-se com pessoas da mesma raça.

Os percentuais consideram todos os tipos de união, como casamentos no civil, religioso ou uniões consensuais. Na divisão por cor, os dados revelaram que as mulheres pretas casavam-se mais com homens brancos (25,5% das uniões desse grupo) do que com pardos (22,9%).

Entre aqueles que se declararam pardos, por seu turno, 69% de homens e 68,1% das mulheres tinham como parceiros pessoas com a mesma cor da pele. Segundo o IBGE, a mesma tendência de união entre ‘iguais’ se repetia por grupos de escolaridade. Pelos dados do Censo 2010, 47% dos homens e 51,2% das mulheres com curso superior uniam-se a pessoas com o mesmo grau de escolaridade.

O IBGE revela também que o número de brasileiros que vivem sozinhos chegou a 6,9 milhões em 2010. Pouco mais de 12% dos domicílios brasileiros têm apenas um morador. Em 2000, eram 8,6%. A maior parte dos solitários é homem, tem entre 40 e 59 anos. No caso dos homens, é solteiro. Das mulheres, viúva.

Bahia é o estado que mais envia imigrantes para São Paulo
Em 2011, o estudante de Economia Lucas dos Santos, 20, deixou a casa da família, em Salvador, para fazer faculdade em Araraquara, São Paulo. Ele passou a integrar a população de 1,7 milhão de baianos que deixaram seus municípios de origem para viver no estado.

A Bahia é a unidade da federação que mais envia imigrantes para São Paulo. Depois da Bahia, aparece Minas Gerais, com 1,6 milhão de pessoas. "Aqui o campo é muito melhor. As sedes das grandes empresas estão aqui, e estão vindo muitas multinacionais também", conta o estudante, que ainda pretende ficar por lá por um bom tempo.

"Para eu sair daqui, tem que ser uma proposta muito boa". O preconceito contra os nordestinos, diz, existe, mas não o incomoda. "Sempre rola piadinha, brincadeira. Isso vai ter em qualquer lugar, mas aqui é pior porque eles têm um senso de superioridade".

O Censo 2010 mostra que 35,4% da população brasileira não reside no município onde nasceu. A Bahia aparece em 2º lugar nas listas dos estados com o maior volume de população natural residindo em outras unidades da federação. Mais de 3 milhões de pessoas que nasceram na Bahia não moram mais aqui. Em 1º lugar aparece Minas Gerais, com 3,6 milhões.


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