Uma nova espécie de camarão foi encontrada em manguezais do município de Maraú, na Bahia, por pesquisadores da Universidade Estadual do Sudoeste (Uesc). Do gênero "Potamalpheops", o animal foi descoberto pelos alunos do programa de pós-graduação da universidade, Guidomar Soledade e Patrícia dos Santos, sob coordenação do professor Alexandre Almeida, do Grupo de Pesquisas em Carcinologia. A pesquisa é realizada há um ano, quando os crustáceos foram achados em galerias de outros animais como o carangueijo uça, em manguezal na foz dos rios Baiano e Serra, próximo ao povoado de Tremembé. O animal tem 1 cm de comprimento e coloração semi-transparente. Após análise feita em laboratório, foi constatado que o crustáceo pertencia a uma nova espécie, que não era conhecida na América do Sul - possivelmente, é a primeira espécie do gênero "Potamalpheops Powell" no Atlântico sudoeste. Em homenagem ao nome do manguezal, o camarão é nomeado "Potamalpheops tyrymembe". De origem Tupi, tremembé significa pântano. Ele pertence a um grupo de animais conhecidos pelas comunidades tradicionais da região como 'tamarús'. Um artigo anunciando o achado foi publicado em fevereiro deste ano na revista neozelandesa Zootaxa. "Fizemos a descoberta ano passado, temos um projeto de pesquisa para exatamente fazer um invetário desse grupo de camarões que estamos estudando. Chegamos a ele fazendo amostragens na região de Maraú visando buscar pequenos camarões, porque aí é que estão as grandes novidades. A espécie não tem grande importância comercial, sim ecológica", afirmou o professor Alexandre Almeida nesta quarta-feira (26).
De acordo com o pesquisador, é a segunda espécie do gênero nas Américas, a primeira surgiu na América Central, mas diferente da encontrada na Bahia. Ele conta que o registro oficial ocorre após a checagem de toda a literatura publicada a respeito do grupo em um banco de dados que é compartilhado em âmbito mundial. O professor ainda explica que foi preciso fazer a descrição formal do animal, comparando-o com outras espécies diferentes.
"Tenho interesse a médio prazo de dar continuidade ao inventário faunísticos que fizemos e isso extrapola as fronteiras da Bahia. Faz parte do acervo da biodiversidade do país. Vamos continuar buscando outras espécies dele e estudar a biologia deste animal. Como foi achado em galerias de outros animais, precisamos identificar a relação do camarão com eles", afirmou.
Almeida afirma que a descoberta estimula estudantes a se dedicarem na área de pesquisa e ela se torna, ainda, uma peça importante no histórico da Uesc e para o estudo de novas espécies de animais em todo o país.