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domingo, 25 de maio de 2014

A realidade brasileira e a Copa 2014



Quinta-feira, dia 12 de junho de 2014, a seleção de jogadores de futebol do Brasil – a pátria de chuteiras – como chamava o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, enfrentará a primeira batalha na guerra pelo hexacampeonato mundial de futebol.
Até lá e depois de seu último jogo é preciso viver a maldita realidade, a tal vida cotidiana. E, confesso sem pudor, a vida é um porre! Entenda isso como quiser. Mas, voltando ao antes e já ultrapassando ao depois da copa vamos conversar sobre o que aconteceu e o que vai acontecer. A seleção brasileira de futebol, incluindo sua escalação, a tática, os jogos e os resultados, é assunto fora do foco desse singelo texto despretensioso e viril. Ou seja, “lei da vaca” para a seleção.
Que tal a gente começar a prosa pelo antes da copa? Concorda. Então, vamos lá. Quando em 2007 o Brasil foi escolhido como sede da Copa, houve anúncio que 70% dos investimentos (o dinheiro) necessários para realizar a copa seriam privados. Somente as obras de mobilidade urbana seriam dinheiro público. E mais, que os estádios seriam construídos totalmente com dinheiro privado.
Quem disse isso: o ex-ministro dos Esportes, um comunista do PCdoB chamado Orlando Silva Júnior. As palavras dele foram essas: “Os estádios para a Copa serão construídos com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro público”.
E não só ele declarou isso, o Luís Inácio Lula da Silva afirmou categoricamente: “Tudo será bancado pela iniciativa privada”. Um dia vai virar Pinóquio.
Ora, o presidente da República e seu ministro dos Esportes deixaram claro em 2007 que não haveria dinheiro público na construção tanto dos estádios, como em qualquer outra atividade esportiva.
Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, ainda em 2007, arrotava para os jornalistas amestrados e crentes: “Faço questão absoluta de garantir que será uma Copa em que o poder público nada gastará em atividades desportivas”. Caramba!
Juntamos a corrupção com a mentira e partimos para as obras da copa. Sem dinheiro público é claro.
A FIFA, uma organização privada assinou contratos no Brasil e daí em diante as ordens vieram da Suíça. Muda lei. Cria lei. Dispensa licitação. Demoniza os órgãos brasileiros de controle. Atrasa aqui e ali. Contrata na base da emergência lá e aqui. Desapropria e derruba até o Museu do Índio, mas quem se importa com a História.
Chega 2014 e a copa do mundo está quase começando.
O Tribunal de Contas da União publica estudo sobre o investimento de R$ 23 bilhões para organização do Mundial no Brasil e demonstra que a Copa 2014 terá 98,5% de verbas públicas.
O que? 98,5% de dinheiro público? Mas não seria ZERO PORCENTO? Que raio de R$ 23.000.000.000,00 é esse?
Em setembro de 2011, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou não saber quanto a realização da Copa do Mundo custaria aos cofres públicos. A mulher que cuidava da chave do cofre não sabia quanto ia custar a copa. Quem iria saber? Deus? Buda? Alá?
A previsão de custo dos estádios já saltou de R$ 1,9 bilhão para R$ 5,1 bilhões (sem contar a arena paulista), entre 2007 e 2010. Portanto pode-se estimar um acréscimo de 168% até 2010. Em 2014 para quanto foi o rombo?
Dos R$ 6.904.000.000,00 da previsão oficial de custo dos estádios da Copa, R$ 6.712.000.000,00 sairiam dos cofres públicos, valor correspondente a 97,2% do total. Mas, até que a Copa termine só o dinheiro público bancará a obra.
Aí, semana passada, leio em um jornal carioca que só de 2013 para 2014 a previsão de gastos para construção dos estádios subiu 57,6%. Estão nos chamando de burros, idiotas, imbecis. Pois o IBGE afirma que sua pesquisa resultou em uma inflação anual para 2013 de 5,91%. Se os preços cresceram cerca de 6% como o custo da obra saltou quase 58%? Corruptos!!
Até agora não encontrei dados consolidados sobre os R$ 11 bilhões previstos para obras urbanas. Da mesma forma os dados estão difíceis de serem consolidados em termos de gastos estaduais (previsto R$ 4 bilhões) e municipais (R$ 1,5 bilhão). Aí tem treta. Essa coincidência com o ano eleitoral é inquietante para quem pensa em um Brasil melhor.
Mas, afinal, se a Copa do Mundo é um negócio altamente lucrativo para a FIFA, por que no Brasil ela foi bancada totalmente com dinheiro público? (só 1,44% é dinheiro privado no Brasil)
Por que a quinta maior potência econômica do mundo não fez como os Estados Unidos que organizaram a Copa de 1994 sem um centavo de dinheiro público. Todos os gastos foram assumidos pela iniciativa privada.
Afinal, nada mais justo, para um evento que gera lucros astronômicos para empresas privadas que elas banquem os gastos.
O gasto financiado com dinheiro público na Copa da Alemanha, em 2006, ficou em R$ 3 bilhões. Enquanto os gastos com a Copa da África do Sul, em 2010, ficaram em R$ 7,3 bilhões. Aqui já está em R$ 33 bilhões.
O Brasil gastará com a Copa 2014 quatro vezes mais que a África do Sul e onze vezes mais que a Alemanha. E a FIFA vai embolsar mais de R$ 6 bilhões sem colocar um só centavo aqui. Eu e você pagamos essa conta.
No frigir dos ovos: o nosso suado imposto está sendo desviado impunemente para bolsos de particulares. A quem interessa esse desvio de dinheiro público?
Só para falar de uma obrigação governamental que depende desse dinheiro público: a Educação – questiono o seguinte: Por que os governantes querem o sucateamento do ensino público?
Só em São Paulo há uma fila de 78.284 crianças esperando uma vaga em creche e 46.496 crianças aguardando uma vaga na pré-escola. A educação no Brasil não é um direito. É um privilégio de poucos. Que destino espera uma criança a quem roubaram o direito básico à Educação? Vai sobrar para essa criança a violência epidêmica, o flagelo das drogas, a criminalidade e a superlotação carcerária, nessa ordem.
Pitágoras (500 a.C.) ensinava: “Educai as crianças e não será preciso punir os adultos”. José Saramago nos recordava que: “Para se acabar com as velhas prisões, é necessário construir novas escolas”.
No Brasil faltam dezenove mil creches. Onde estão as 6.000 prometidas? Que futuro pode almejar uma sociedade deseducada, não instruída? Não se desenvolve a cidadania, nem se preserva a dignidade, logo como vamos pedir respeito no futuro aos jovens de hoje?
Herberth de Souza, o Betinho, dizia que o brasileiro tinha que participar para mudar o Brasil.
Pois bem, minha contribuição já dei em 46 anos de trabalho ininterruptos pelo país, hoje devido a doença só posso cobrar dos governantes o mesmo padrão e velocidade FIFA na construção de creches, pré-escolas, escolas e hospitais.
E é claro, votar com muita consciência, pois os que hoje governam fracassaram redondamente tanto com a Educação, a Saúde; como com a Ética, a Honestidade, a Dignidade. É hora de escolher outros.
Quanto à seleção tomara que chegue aos jogos finais.

(*) Ruy Ferreira é Doutor em Educação, Ciência e Tecnologia

fonte: http://www.atribunamt.com.br/
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