Afastado da delegação de Gana antes do último jogo da seleção na fase de grupos da Copa do Mundo, o meia Kevin-Prince Boateng deu sua versão sobre a suposta discussão com o técnico James Appiah. Em entrevista ao jornal alemão ‘Bild', o ganês não poupou críticas a preparação do time no Brasil.
"Eu nunca pensei que você pudesse organizar uma preparação para uma Copa do Mundo tão mal. Os hotéis, os voos, tudo era amador", afirmou o jogador, que atua no Schalke 04, da Alemanha.
"Nosso primeiro voo foi de Amsterdã para Miami. Mas tivemos que ir em dois grupos. Um passou por Atlanta, outro por Nova Iorque. Ficamos quase nove horas no aeroporto, uma 19 na estrada. Para ir de Miami ao Brasil, doze horas na classe econômica. As pernas doíam", prosseguiu.
"Para um atleta competitivo isso é uma desgraça. E o nosso presidente (Kwesi Nyantakyi, da Federação de Futebol de Gana) estava com sua esposa e filhos na classe executiva. No Brasil, enfim, fizemos um bom voo, mas perderam minha bagagem. Foram dias sem chuteiras, fita, nada. Um desastre."
Sobre a estadia da seleção no Brasil, Boateng reclamou principalmente do hotel em que a seleção ficou hospedada em Natal, palco do primeiro jogo de Gana no Mundial, contra os Estados Unidos - o norte-americanos levaram a melhor, por 2 a 1.
"O único lugar digno de uma preparação era o de Miami. Antes do jogo contra os Estados Unidos, dormimos em um hotel em que não havia condições. Havia inundações, os quartos estavam úmidos. Eu mesmo tive que mudar de quarto, porque o que me foi dado virou uma piscina, de tanta água que pingava do teto", disparou.
Boateng também afirmou que não vê o técnico Appiah como um bom treinador e desmentiu que eles tenham discutido. "Eu perguntei a ele se tinha um problema comigo. Ele gritou e me insultou, me mandou ‘cair fora'. E isso tudo aconteceu quatro dias antes da minha suspensão. Por que não me tiraram logo, então, se foi esse o problema?"
Por fim, o meia ganês falou sobre a polêmica com a premiação dos ganeses, que chegaram a fazer um dia de greve até receberem cerca de R$ 6,5 milhões em dinheiro vivo na concentração. "Esse foi o menor problema. Aquilo foi pelo acúmulo, com as condições de treino, de sono, tudo. Só queria saber para onde flui o dinheiro, com tantos patrocinadores...", encerrou.