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segunda-feira, 2 de junho de 2014

Copa: 'brasileiros reagem ao pão e circo’



Na ditadura, cada comemoração de 1º de Maio era um momento de estresse. Em uma dessas datas, o governo ganhou a batalha, ao programar um emocionante Fla X Flu para o Maracanã. Mas o tempo passou, e o Brasil mudou. Lula, que tanto se beneficiou de bem traduzir as ânsias do povão, foi traído pelos acontecimentos, ao achar que o clima de Copa iria passar a borracha em qualquer problema social, econômico ou moral. Segundo o Instituto Análise, 49% apoiam a Copa e 46% são contrários, quase um empate.

Ao ganhar as disputas de Copa e Olimpíadas, os governantes imaginaram décadas de tranquilidade. Tudo poderia ser feito, como na Roma antiga, haveria jogos para divertir. Mas a maior troca de informações via internet, elevação da renda e universalização da educação – embora com falhas na qualidade – gerou uma bomba atômica. Isso atingiu tanto Dilma Rousseff como governos estaduais e municipais. Prova de que ninguém foi poupado ocorreu em São Paulo: grupos tanto cercaram o palácio do tucano Geraldo Alckmim como tentaram invadir as instalações controladas pelo petista Fernando Haddad.

As seis ou sete famílias que controlam a mídia não foram poupadas. Um humorista ironizou a cobertura dos eventos populares, ao dizer que, com a agressão a carros de reportagem, as filmagens passaram a ser feitas da “cobertura” de prédios – pois, nas ruas, havia reação violenta. A imagem de Caco Barcellos sendo expulso de movimentos sociais foi emblemática. Os grupos – nesse caso sem violência, mas com firmeza ideológica – impediram que este se colocasse ao lado dos manifestantes, dando mais importância ao grupo que ele representa do que a sua visão política pessoal.

A Fifa informou a Lula que a Copa teria de ser feita em pelo menos oito cidades-sede, e o dirigente optou por 12. Financiou o estádio do Corinthians, ajudou a criar elefantes-brancos em Brasília, Cuiabá, Manaus e Recife, até que Dilma, após sentir reação popular, declarou que as obras eram privadas. Mesmo assim, o dinheiro público circulou ativamente por todos esses empreendimentos. Os tucanos que não pensem que poderão fazer política como antigamente. No Parlamento, criticam a defasagem na tabela de Imposto de Renda, mas, na era FHC, o então secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, não só impedia essa atualização, como defendia, com vigor, não se poder indexar tais valores – quando, todo ano, sobem tarifas de ônibus, seguros, pedágios, IPVA, IPTU e tudo mais. Em termos de previdência, diversas restrições foram criadas pelo PSDB – e o povo sabe disso.

Uma prova triste da incapacidade nacional para realizar eventos se vê na Baía de Guanabara. Em vez de impedir o lançamento de esgotos – tarefa que os japoneses tentaram financiar há 20 anos, desde o primeiro governo Brizola – a opção, para as Olimpíadas, deverá ser o uso de simples barcas recolhedoras de detritos. A Copa vem aí e ninguém sabe o que irá ocorrer. Em princípio, os protestos da classe média, mais educados e ideológicos, estão dando lugar a movimentos que acabam com quebra de agências bancárias, violência e incêndio de carros e ônibus.

Sem a menor dúvida, há uma insatisfação no ar. As pessoas constatam que um ministério emblemático, como Minas e Energia, está entregue, há décadas, ao PMDB de José Sarney e Renan Calheiros. Aí estão incluídas as usinas elétricas e a gigante Petrobras. Como não se pode deixar de votar, e os votos nulo e branco ficam sem efeito, ninguém sabe onde irá parar a ira popular refletida nas ruas, tanto em manifestações ordeiras como em vandalismo generalizado. E, já que o assunto é Copa, o primeiro jogo é contra a Croácia, dia 12, em um Itaquerão onde já houve três mortes e a cobertura não ficou pronta a tempo.



Atenção, Giambiagi

De olho nas eleições, a presidente Dilma resolveu perenizar o sistema de redução de ônus previdenciários, trocado por pagamento sobre o faturamento das empresas. Isso é positivo para reduzir o Custo Brasil, mas poderá prejudicar a previdência. A desoneração significará perda de R$ 21,5 bilhões anuais para a previdência, valor que o governo promete cobrir. Como todos sabem, no entanto, os governos não costumam quitar seus débitos a tempo e a hora.

Assim, recomenda-se ao economista Fábio Giabiagi – conhecido por exigir mais rigor nos módicos benefícios da previdência – que, ao fazer suas contas, leve em consideração essa possível perda. Em suas análises, Giambiagi costuma passar ao lado da Cofins, que é Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Não é correto citar-se rombo da previdência sem descontar desse valor a receita da Cofins. Se o dinheiro da Cofins é usado, pelo governo, para outras fins, isso tem de ser declarado expressamente.



De greves

São Luis (MA), Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro estão sofrendo com as greves dos motoristas de ônibus. Mas em cidades médias, como a paranaense Ponta Grossa, a paralisação já dura oito dias, afetando mais, é claro, o povo humilde.

Outra greve que já passou da conta é a dos vigilantes bancários. Apesar do recurso às caixas automáticas, inúmeras operações ficam dificultadas ou até inviabilizadas, com as agências fechadas.



Punições

Dizem que o mal do Brasil é a impunidade. Fecham-se ruas e estradas e fica por isso mesmo. Queimam-se ônibus e nunca se acha um culpado. E, em certos processos, ocorre liberação inesperada de suspeitos.

Nos Estados Unidos, ao contrário, as punições chegam a ser excessivas. O brasileiro Francisco Fernando Cruz, natural de Sorocaba (SP), que estuda em Nova Jérsei, foi condenado a cinco meses de prisão. Ele foi preso em janeiro, por ter enviado e-mail às autoridades, dando conta da existência de bomba a bordo de um avião da TAM. Alegou que fizera brincadeira apenas para checar segurança nos vôos. A justiça norte-americana não deu ouvidos à defesa e concluiu que houve efetiva perturbação da segurança pública.



Boicote

Edir Macedo – da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da TV Record – afirma que seus seguidores devem se abster de torcer na Copa do Mundo e dedicar o tempo a meditações. Se a Copa for um sucesso, a audiência da Globo quebrará todos os recordes.



Rápidas

Só se fala em Copa e, nesse ritmo, o diretor de Comunicação da Fifa, Walter De Gregorio, reúne jornalistas estrangeiros nesta sexta-feira, no Sofitel-Rio, para combinar detalhes da cobertura que se avizinha. O Rio deverá receber 400 mil turistas estrangeiros e 450 mil brasileiros *** Carlos Alberto Barreto, secretário da Receita Federal, confirmou participação no encontro de serviços promovido pela Associação das Empresas de Comércio Exterior (AEB) nesta quinta-feira, em São Paulo *** O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro vota, nesta quinta-feira, as contas de gestão do ex-governador Sergio Cabral, referentes a 2013. Como Cabral conta com grande apoio político, tudo indica que haverá aprovação fácil *** Neste domingo, haverá feira de produtos orgânicos no Caxias Shopping, na Baixada Fluminense *** Especula o Relatório Reservado que a paulista Lopes estaria interessada em comprar a tradicional administradora de imóveis Apsa, do Rio. A Apsa foi fundada em 1931 *** A DHL Supply Chain, líder mundial em logística, recebeu do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos de São Paulo, o Prêmio Sindusfarma de Qualidade 2014. A empresa foi premiada, pelo nono ano consecutivo, na categoria Armazenagem e Distribuição de Medicamentos *** A tumultuada quarta-feira, com chuva e greves no Rio, teve bolsa em alta e dólar em baixa.
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