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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Diário alemão da Copa ESPN: Dia #1, a chegada em Cabrália



Acordei às 7h e meia-hora depois deixei minha casa em Valinhos, no interior de São Paulo. "Bandeirantes, Anhanguera ou Fernão Dias? São Paulo está um caos por causa da greve do metrô", me informa e pergunta o nosso motorista, Cuca. Respondo que é melhor seguirmos pela Fernão Dias mesmo. Duas horas antes da saída do meu voo para Porto Seguro, chego no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Cheio, mas sem qualquer tumulto. Faço o check-in, despacho a bagagem, encontro meus companheiros de viagem, Leandro e Rosemberg, e deixo São Paulo às 12h05, cerca de 25 minutos depois do horário previsto para saída do avião. Aproximadamente uma hora e vinte minutos depois, desembarco no litoral baiano. Deixo o frio para trás.

Esta é minha primeira cobertura in loco de Copa do Mundo. Em 2006 e em 2010 fiquei na redação da Trivela, cobrindo todos os jogos. Agora é diferente: no meu país, terei a obrigação e o prazer de seguir todos os passos da seleção alemã. Sou o setorista de Alemanha da ESPN. E faço questão de deixar aqui meus abraços para Gerd Wenzel, que optou por ficar em São Paulo e sempre me ajudou muito em toda preparação para a viagem.

Pegamos nossas malas na única esteira do aeroporto de Porto Seguro e de lá, com um carro de uma operadora de turismo, seguimos para a vila de Santo André, no município vizinho de Santa Cruz Cabrália. Aliás, o nome oficial é Santa Cruz Cabrália, mas ninguém aqui fala assim. Ou é Cabrália apenas ou Santa Cruz de Cabrália. Enfim.

No caminho, a nossa motorista, Loreli Patrícia, brasiliense radicada em Porto Seguro, mas que vive também em Angra dos Reis, vai contando as histórias do rico litoral da região. Passo pelo local onde chegou Pedro Álvares Cabral, a polêmica sobre a primeira missa na região, o local mais profundo da costa brasileira. Impressionante como em 90 minutos, o tempo de uma partida de futebol, ouvi e absorvi histórias e relatos das duas cidades, da Costa do Descobrimento.

Para chegar em Santo André, é preciso pegar uma balsa. Ainda não descobri exatamente os horários, mas pelo que entendi sai de meia em meia hora. Tranquilo, mas trabalhoso para uma seleção que vai se deslocar algumas vezes durante a competição - e por mais que todo trajeto do aeroporto para o hotel seja feito com batedores e com caminho limpo.

Chegamos na pousada. Eu, um mero jornalista, Rosemberg Farias, repórter cinematográfico, e Leandro Liendo, assistente e responsável pela transmissão de dados.

O local transmite uma tranquilidade enorme. Nossa pousada, na verdade, são alguns chalés espalhados por entre a mata, com o mar à nossa esquerda. Há uma avenida principal, asfaltada, e paralelamente à ela corre uma via principal de terra, onde estrão localizadas as pousadas e as casas dos moradores locais. Ali também está o Campo Bahia, local de treinamentos da seleção alemã.

Os postes estão pintados com as cores alemãs, casas simples ostentam bandeiras da Alemanha. Se um marciano desembarcasse aqui, não saberia que teríamos Copa em poucos dias, mas descobriria facilmente o que significam as cores preto, amarelo e vermelho juntas.

Colocamos nossas malas nos quartos e vamos almojantar. Já é final de tarde. Eu como um peixe, bem leve e indicado para uma longa e desgastante cobertura. Leandro e Rosemberg já matam alguns filés de carne. Saímos para andar e conhecer o local. O sol já começa a se por.

Logo ao nosso lado, no resort mais antigo de Santo André, a DFB (Federação Alemã de Futebol) montou o centro de imprensa. É uma tenda branca enorme, protegida por alguns seguranças. Converso com alguns, consigo me aproximar. Vou até a porta, mas não posso passar por ela. "Amanhã já estará funcionando?", pergunto. A resposta, de todos aqui em Santo André para qualquer pergunta que faço sobre a seleção alemã, é sempre a mesma: "Não sei, isso é com os alemães". Tudo foi muito bem ensaiado pelos que aqui estiveram antes. E foram muitos e por muitos meses.

Um dos dois portões de entrada do Campo Bahia

O Centro de Imprensa parece pronto, diferentemente do Campo Bahia. Não que esteja em obras, não é por aí, mas ainda tem muitos trabalhadores no local. Flagrei cadeiras e colchões chegando para os 60 quartos distribuídos por 14 casas. Sempre que eu me aproximava de um dos dois portões do CT, o chefe de segurança mandava fechar. As perguntas continuavam com as mesmas respostas.
GUSTAVO HOFMAN
Funcionários jogavam a grama para ser plantada

Demos a volta, pegamos um caminho pela lateral do Campo Bahia e seguimos em direção à praia. Antes de chegar na areia, vi a academia que, supostamente, será utilizada pelos jogadores. A céu aberto. As esteiras e as bicicletas ainda estavam sendo desembaladas. Definitivamente o Campo Bahia não está pronto, mas deve ficar até domingo, quando a delegação alemã chega em Salvador, na madrugada, e pega outro voo para Porto Seguro.

Admito que esperava ver algo mais portentoso. Não é. É lindo, como Santo André, mas com ares rústicos. Não tem privacidade. Fiquei sabendo que vão fechar a ruazinha de terra na frente, mas será impossível ter total privacidade.

Casa simples, localizada bem em frente a uma das entradas do CT

Aquelas maquetes originais, com um imponente centro de treinamentos sem qualquer hotel ou casa próximos, são fantasiosas. Há casas muito simples bem em frente, e o único acesso é por ali, não dá para chegar pela avenida asfaltada. Há algumas pousadas e hoéis ao lado, inclusive o da equipe da ESPN. As bicicletas dominam o transporte, o que ajuda a evitar nuvens de poeira subindo. 

É um local bucólico, onde o tempo passa devagar. Chega a noite. O silêncio é quebrado apenas pelo baruho dos enormes geradores do Centro de Imprensa. Vai ter Copa.

Final de tarde na praia da seleção alemã na Copa do Mundo de 2014

Gustavo Hofman, blogueiro do ESPN.com.br
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