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domingo, 22 de junho de 2014

Por que alguns brasileiros vão torcer pela Argentina na Copa?


Marcus Guimarães é brasileiro e com o crescente clima de Copa do Mundo no país ele caminha pelo Rio de Janeiro com uma camisa da seleção... argentina.

Mais do que um ato de solidariedade com o país vizinho, sua atitude é uma espécie de renúncia à seleção brasileira.

"Vou torcer para a Argentina nesta Copa do Mundo porque o Brasil organizou muito mal a competição" disse ele, criticando preços das entradas, gastos com estádios e um futebol que está "longe do povo".

Aos 18 anos, o estudante de história apoia uma página no Facebook em que cariocas torcem por uma vitória da Argentina em uma possível final contra o Brasil em 13 de julho.

Até sexta-feira, a página contava com 16,2 mil seguidores.

Não é o talento de Messi que os entusiasma, mas um comentário feito pelo prefeito do Rio há um ano.

"Se a Argentina bate o Brasil na final, eu me mato", brincou Eduardo Paes em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

"Eles têm Messi e o Papa. Não é possível ter tudo."

Descrença

Muitos de seus críticos decidiram responder às declarações com humor, e é assim que cresceu toda uma multidão virtual que agora pede pelo apocalipse do futebol brasileiro.

"Vamos juntos, vamos lá..." convida a página, símbolo do descontentamento generalizado com o alto custo da Copa do Mundo em um país com enormes problemas nos serviços públicos.

A falta de apoio à seleção brasileira é um desafio até mesmo para o governo de Dilma Rousseff, que já apelou para a paixão nacional pelo futebol e a camisa verde-amarela.

Um estudo realizado em 19 países pela empresa de pesquisas YouGov, publicado no blog Upshot do diário The New York Times, mostrou que o primeiro país pelo qual os brasileiros torceriam contra no mundial é a Argentina (34%) e o segundo...o próprio Brasil (6%).

De todos esses críticos, um caso especial são os que esperam que a Argentina erga a taça no Maracanã porque creem que esse é o pior que poderia acontecer ao Brasil: ter gastado mais de US$11 bilhões para que seus maiores rivais gozem da festa.

Analistas estimam que se a seleção fracassar em casa, como aconteceu em 1950, a tensão social podría aumentar.

Allan Modesto, um professor de castelhano em escolas públicas do Rio, participou recentemente de um protesto vestindo a camisa do Uruguai, país pelo qual torce na Copa.

"Não queremos que o Brasil ganhe", disse.

"Se o Uruguai não passar, que passe a Argentina porque o prefeito desta cidade nos prometeu um suicídio se a Argentina ganhar".
Brincadeira

Quem criou a página de apoio à Argentina foi Diedro Barros, um jornalista de 30 anos que se define como socialista e se declara "muito surpreendido" pelo apoio que recebeu.

"Criei como uma brincadeira. Não esperava que fosse dar tanta repercussão", disse, prevendo que fãs brasileiros de verdade vão acabar apoiando seu país.


Diedro criou a página de brincadeira e não imaginava a repercussão que teria

Barros afirma que vai torcer para que a Argentina chegue à final, mas que se o último jogo for contra o Brasil, sabe que seu coração será verde-amarelo.

Ver brasileiros vestindo a camisa albiceleste é bastante comum nos dias de hoje, mas muitos o fazem por mera simpatia pelo país vizinho, sem outras conotações.

É o caso de Moacir Oliveira, um analista de sistemas de 31 anos, que se sente grato aos argentinos. Durante uma viagem ao país, sua moto quebrou. Ele não só recebeu ajuda, como também foi convidado para um churrasco depois.

"Não tenho nada contra os argentinos", disse Oliveira, acrescentando que só torceria para a Argentina se o Brasil for eliminado.

O Rio tem se enchido de camisas albicelestes nos últimos dias com a chegada de milhares de torcedores argentinos para o jogo de estreia neste domingo, contra a Bósnia, no Maracanã.

Mas quem já carrega as cores do maior rival do Brasil há mais tempo, conta como às vezes é impossível evitar comentários maldosos.

"Não há nenhum problema em relação à violência", disse Guimarães.

"Mas normalmente ouvimos piadas de que Argentina está cheia de bichas... Isso é normal, eu estou acostumado", disse ele, acrescentando que evita responder e apenas ri.

BBC BRASIL
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