Pesquisadores britânicos testaram uma vacina contra a hepatite C em humanos e observaram que o método é seguro e não surte efeitos adversos graves no paciente. A conclusão faz parte da primeira fase dos estudos clínicos da vacina. Agora, os especialistas poderão dar continuidade aos testes com grupos maiores de pessoas com o objetivo de verificar sua eficácia. O vírus da hepatite C pode ser transmitido por meio da transfusão de sangue, pelo compartilhamento de material para uso de drogas ou de higiene pessoal, como lâminas de barbear e depilar, além de alicates de unha e objetos usados em tatuagens, por exemplo. Estima-se que a doença afete entre 1,4% e 1,7% dos brasileiros, a maioria acima de 45 anos de idade. A progressão da infecção pode levar à cirrose ou ao câncer de fígado. Atualmente, há vacinas disponíveis para prevenir a hepatite A e B, mas nenhuma contra o tipo C. Isso porque o vírus da doença consegue se esconder no organismo, dificultando a ação do sistema imunológico, como explica Eleanor Barnes, professora de hepatologia da Universidade de Oxford e uma das autoras do estudo. Segundo a pesquisadora, uma vacina contra hepatite C seria útil principalmente em países mais pobres, uma vez que os medicamentos disponíveis contra a doença são muito caros e devem ser administrados por pelo menos três meses. A nova vacina contém células do sistema imunológico chamadas linfócitos T. “O nosso laboratório passou muitos anos observando o que acontece com pessoas com hepatite C, pois 20% desses pacientes combatem a infecção naturalmente usando o seu sistema imunológico. Nós descobrimos que, nesses casos, as células T parecem ter um papel importante na resposta imunológica”, diz Eleanor. A vacina foi testada em quinze pessoas. Segundo os resultados, publicados nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine, os pacientes toleraram bem a dose e apresentaram efeitos adversos menores, como enxaqueca, até 48 horas após a imunização. Embora essa fase da pesquisa tenha sido feita para comprovar a segurança da vacina, os cientistas observaram que ela parece ser eficaz em fortalecer o sistema imunológico para combater a doença. No entanto, mais duas etapas do estudo são necessárias antes que a vacina seja submetida à aprovação dos órgãos regulatórios de cada país. Os cientistas estão submetendo a vacina à segunda fase dos testes clínicos, realizada nos Estados Unidos com usuários de drogas injetáveis, que possuem alto risco de apresentar a hepatite C. Espera-se que os resultados desse estudo fiquem prontos em 2016.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
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