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sábado, 25 de agosto de 2012

CRACK EM CABRÁLIA O QUE FAZER ?



“Júnior, Júnior” ! Quando, ouvi o chamado sabia logo que era alguém de Cabrália. Júnior é como a maioria das pessoas em Cabrália me conhece. Tinha acabado de estacionar o carro nas proximidades de meu escritório em Porto Seguro. Olhos esbugalhados, magreza extrema, dentes danificados. Aproximou de mim e soltou: - “Junão”, arruma cinco ai, vai, “tô morrendo de fome”, preciso comer. 
- “Cadu, serve, por favor, para meu amigo ai de Cabrália um PF e um refrigerante que no fim da tarde, quando sair do trabalho passo aqui e acerto com você.” Foi o pedido que fiz ao dono do restaurante ao lado do meu escritório.
Imaginei que se desse o dinheiro, o destino de quem me pedia não seria a mesa do restaurante, mas certamente a “boca” mais próxima, e os cinco reais recebidos seriam utilizados para a compra da “pedra maldita”, do “crack”. 
Dificilmente qualquer dos leitores não presenciou ou mesmo passou por situação semelhante. Droga de poder de vicio violento, o Crack é sem duvidas o mal maior que assola hoje a sociedade brasileira. Quem, como nós, vive nas pequenas cidades do interior sente mais de perto.
Como fazer lidar com isto ? Internação compulsória, terapia, isolamento ou colónias de usuários ? Difícil uma resposta. Não é fácil a solução. 
E a responsabilidade, é da União, do Estado ou do Município ? Nós do PARTIDO VERDE entendemos que a responsabilidade é de todos estes entes governamentais. É preciso que cada um faça sua parte.  
A melhor opção de combate a este mal, sem dúvidas, e a prevenção. Precisamos muito fazer com que nossos jovens e crianças (muitos usuários com menos de 12 anos) evitem o primeiro contato com este mal extremo que atinge parte considerável de nossa população. Para esta parte de prevenção, não tenho duvidas de que o Município pode contribuir muito, pois a melhor solução é escola em tempo integral, e a prática contínua de atividades especializadas, em especial de esporte. Da escola para o esporte. Mas sobre a prevenção falaremos sobre isto com mais calma na próxima edição.
Mas, se para prevenir, escola e esporte, como fazer para ajudar e amparar aqueles que já experimentaram a droga e dela não conseguem se livrar. Como ajudar estes viciados que hoje vagam como “mortos-vivos” pelas ruas e amanhecem normalmente dormindo em cima de papelão nas calçadas. 
  Nesta questão, o que chama a atenção, é o contraste entre o descaso do poder público e a abnegação de pessoas da sociedade que chamaram para si esta responsabilidade. Este é o foco hoje da nossa crítica e de nossa análise. 
Enquanto o poder público finge que “não é com ele” (os auxílios quando acontecem são pífios), particulares, de coragem extrema, tem encarado o difícil desafio. Fazem o papel dos entes públicos. Em todos os casos com imenso e admirável sacrifício pessoal. 
Exemplos de desprendimento e coragem chamam a atenção aqui na região. Valdeci, Oficial de Justiça de Porto Seguro.  Flavão da Pousada “Bem Virá” do Arraial d’ Ajuda. Pastor Oto e a equipe da Maanaim, estes últimos atuando  aqui em  Cabrália.
  Valdeci e a esposa, com pouquíssima ajuda, colocaram para dentro de casa, mais de dez crianças e adolescentes. Valdeci introduziu a todos no mundo do esporte. Todos, além do teto e da alimentação que recebem de Valdeci e da esposa, praticam atletismo e são treinados e acompanhados por ele, também atleta de corridas de longa distância. Da possibilidade, quase certeza, do envolvimento com as drogas, tem hoje o sonho de se tornarem atletas. No mínimo vão se tornar pessoas honradas. 
  Pastor Oto e a esposa criam hoje dentro de casa, mais de 20 crianças e adolescentes. Fizeram dois imensos dormitórios na própria residência. Um para as meninas e outro para os meninos. Todos ocupados com crianças e jovens tiradas da rua, ou, vindas de um orfanato fechado por ordem judicial em Porto Seguro.
  Flavão no Arraial d’Ajuda e o Centro Maanaim em Cabrália, comandado pelo Pastor Manoel, que tive a oportunidade e o prazer de conhecer, dedicam a vida a tirar das ruas crianças e adolescentes viciados. Não sei quantos jovens e crianças cada um deles tem hoje sobre sua custódia, mas passam da centena. 
Todos eles, Valdeci, Flavão. Pastor Oto e Pastor Manoel, têm uma situação em comum. Pouquíssima  ajuda do Poder Público. Todas as vezes que me encontro com um dos jovens ligados a Maanaim, acho que Vítor, ele vem ao meu encontro, nos cumprimentamos e ele me pede: - “Dr., o senhor que tem acesso aos “homens”, ajuda a gente a marcar um encontro com o Prefeito. Precisamos da ajuda da prefeitura. Pouca coisa, nada de mais, mas a gente não consegue nem marcar para falar”.
  Não pode. O poder público não pode continuar a manter olhos fechados para realidade tão assustadora.  O Crack é um mal social terrível. O crack mata. Mata de todas as formas. Mata o usuário pelo seu poder destruidor. O usuário, na abstinência, mata por qualquer valor para poder comprar a droga. O tráfico mata o usuário que não paga o produto que compra. Enfim, o crack mata mesmo. E preciso que o poder público assuma de vez e de fato sua responsabilidade.
  Não podemos contar apenas com a bondade dos particulares e das igrejas  que tem assumido para si o ônus estatal. Cuidar de pessoas é dever do poder publico. E preciso que o tema seja tratado como prioridade.
  Na próxima edição voltaremos ao assunto falando de forma mais profunda sobre as responsabilidades do município e a forma como o poder público municipal pode atuar no combate preventivo a este mal terrível. O foco da nossa matéria sobre este tema será a importância da educação em tempo integral e, principalmente do esporte e de atividades especializadas como forma de evitar o ingresso da criança e do jovem no mundo das drogas. 
A prevenção sim é o caminho mais curto e mais barato para o combate a este mal. E o Município tem sim como trabalhar e bem na prevenção ao uso de drogas. Se tirar do vício é muito difícil, não podemos, então, deixar entrar. 
PARTIDO VERDE

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