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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Além dos tons de cinza: textos eróticos na internet atiçam a libido e a criatividade feminina



Vai ser assim, sucessivamente, até 22 de maio de 2013, data de encerramento do projeto “365 dias de sensualidade” e aniversário de 34 anos de sua idealizadora. Temperar um ano de vida com doses de erotismo, sob o ponto de vista feminino, é a proposta da escritora Janaina Rico, que em quatro meses teve o site que leva seu nome acessado por cerca de 20 mil pessoas. A brasiliense calcula que 70% de suas leitoras sejam mulheres.
— Adoro quando recebo emails falando que elas fizeram coisas que escrevi nos contos e que as inspirei — diz Janaina, que resolveu dar um toque feminino às histórias que turbinam a libido dos internautas: — Na rede, tem muita coisa ruim, mal escrita, de péssimo gosto. Faltava um quê cor-de-rosa. O romantismo feminino, o sexo com carinho, o toque de mulher.

Casada ("De vez em quando meu marido sente ciúmes", ela entrega) e com um filho de 13 anos, a escritora é também modelo das fotos ousadas que ilustram cada um dos seus contos. Com mais de 90kg (ela não revela o peso exato), quer provar que a mulher gordinha pode, sim, ser muito sexy:
— Se publicasse apenas os textos, não passaria a mensagem que desejei. Amadureci para ter coragem de ir em frente.
Às críticas maldosas, Janaina dá de ombros:
— Ninguém é obrigado a me achar bonita, mas deve me respeitar. E os elogios são acima do que esperei. É impressionante como os homens gostam das gordinhas! Estou proporcionando felicidade e prazer a muitas pessoas.
 

Foto: Fátima Azevedo/ Divulgação
Confira a entrevista com Janaina Rico na íntegra:
- Como e quando surgiu a ideia do projeto “365 dias de sensualidade”?
- Da vontade de mostrar que uma mulher gordinha pode ser sexy. Se eu publicasse apenas os textos, não passaria a mensagem que desejei. Procurei referências para mim, uma mulher como qualquer outra, e achei apenas modelos de corpos esculturais, que não me representam de maneira alguma. A ideia já estava na minha cabeça há muito tempo, mas precisei amadurecer para ter coragem de ir em frente.
- Seu marido acompanha os textos, dá palpites? Sente ciúmes?
- Ele não só acompanha, como revisa e dá ideias. De vez em quando, dá uma pontinha de ciúmes, muito mais pelas fotos do que pelos textos. Ele é um companheiro fantástico. E, sempre que fica enciumado, eu o encho de beijinhos e fica tudo certo.
- As datas escolhidas para o início e o término das publicações tiveram motivo especial, ou foram dias aleatórios?
- Começaram no dia do meu aniversário de 33 anos. Eu queria que fosse um ano marcante! E, obviamente, a minha festa de 34 anos será cheia de sensualidade.
- Quais foram/têm sido sua maior dificuldade e seu maior prazer nesses dias de escrita?
- A dificuldade é a rotina de postar todos os dias. Tenho problemas com a repetição. Não é sempre que estou com vontade e preciso passar por cima disso e postar. Agora, o prazer é corporal. Minha vida sexual ficou mais ativa, pois é impossível falar de sexo e não sentir vontade de fazer.
 
Foto: Fátima Azevedo/ Divulgação
- Você costuma escrever em um horário determinado (de madrugada, por exemplo)?
- Não consigo estabelecer. É necessário esperar a inspiração chegar. Tem dias que chega na hora em que acordo, ou pode ser na hora do almoço. Não tenho como escolher. Surge.
- Em que momento do dia se sente mais sensual?
- De noite, quando coloco minha camisola e deito com o meu marido.
- O quanto há de autobiográfico nos textos que escreve? Já realizou alguma(s) daquelas fantasias?
- Muitas foram realizadas, e outras ainda não – mas estão na fila! Claro que são todas aquelas que possam ter o meu marido como parceiro. Seja nos contos eróticos ou nos meus romances, sempre levo um pouco de mim para os meus personagens. Não consigo escrever sobre algo que eu não tenha alguma ligação. Minha escrita é visceral.
- Uns textos são grandes, outros pequeninos. Algum dia sofreu falta de inspiração ou de tempo?
- Sofri de falta de inspiração. No começo do processo, precisei fazer uma cirurgia dental que deu errado, e fiquei internada com infecção grave por 15 dias, com o rosto desfigurado e com muitas dores. Foi muito difícil escrever naqueles dias, e pensei em desistir. Mas meu marido me convenceu a manter a palavra, pois sabia que eu ficaria muito frustrada se não continuasse. As fotos – por sorte – já tinha tirado. E quando precisei fazer um novo ensaio fotográfico, estava com o meu rosto normal, nem mesmo a cicatriz aparecia mais.
 
Foto: Fátima Azevedo/ Divulgação
- Você costuma e gosta de ler textos picantes? Qual a diferença dos seus textos para estes?
- Leio muito! Pesquiso em todas as fontes que posso. Os livros são ótimos, pois ajudam a construir o romantismo necessário. As revistas ajudam na criatividade, sugerindo lugares e situações inusitadas. Agora, na internet é complicado... Tem muita coisa ruim, mal escrita, com muitos erros de português e péssimo gosto. É preciso procurar muito para achar algo bacana.
- Atualmente, o livro “Cinquenta tons de cinza” é o assunto da literatura picante. Você já o leu? Qual sua opinião sobre a obra?
- Já li. É um livro muito bom e que excita na hora da leitura. O que me desagradou nele foi a temática do sadomasoquismo. Até trato sobre isso em alguns contos, mas de forma bem mais leve. Não gosto de dor. Acho que o sexo é um momento de prazer e relaxamento. Mas a história é muito boa. O interessante é que o meu livro, “Ser Clara”, tem diversas passagens bem picantes. E o meu novo livro, “Apimentando”, escrito bem antes do lançamento do “Cinquenta tons de cinza” e que será publicado em breve, também aborda as temáticas do sexo e do erotismo.
- A maioria dos visitantes de seu site são homens ou mulheres?
- Pelos comentários, 70% de mulheres. Elas estão adorando e me adicionando nas redes sociais, enviando emails. É uma relação muito íntima que estou criando com as minhas leitoras – algo que eu não consigo com os livros. Elas me leem todos os dias e sugerem textos. Já os homens são mais ousados e, algumas vezes, até grosseiros. Alguns comentários masculinos eu não publico no site. Mas confesso que a autoestima vai lá para cima!
- Que tipo de críticas tem recebido?
- De pessoas que insistem no preconceito. Ninguém é obrigado a me achar bonita, apenas devem me respeitar. Mas é um ou outro que fala alguma coisa ofensiva. Tem um rapaz no Facebook que foi falar que eu seria bonita se tivesse nascido na época renascentista. Foi tanta gente brigando com ele, e chamando-o de ridículo, que nunca mais ele comentou nenhuma foto.
 
Foto: Fátima Azevedo/ Divulgação
- E os elogios?
- São muitos. E acima do que esperei. É impressionante como os homens gostam de mulheres gordinhas! Todas as fotos são muito elogiadas, e os textos comentados. Estão me pedindo para fazer um livro com os contos do projeto quando ele acabar, de tão bem recebido que está sendo, e adorei a ideia. É muito bom saber que estou proporcionando prazer e felicidade a muitas pessoas.
- Leitoras e amigas acima do peso têm se identificado com sua proposta e lhe contado histórias íntimas delas também?
- Sim. E isso é muito gostoso. Adoro quando recebo e-mails falando que elas fizeram coisas que escrevi nos contos e que as inspirei. E, na verdade, hoje em dia, a maioria das mulheres normais está acima do peso. Sejam 2 ou 20 quilos, e mulher tem essa mania de ver gordurinha em tudo quanto é lugar.
- E os homens, o que dizem? Te fazem propostas indecentes? Você já passou por alguma saia-justa?
- Tem dos dois tipos: os que fazem propostas indecentes, chamam de gostosa e me dão cantadas. E tem os mais recatados, que dizem que sou muito bonita e que adoram os textos. Eu acho graça. Mas, tirando o rapaz que foi grosseiro no Facebook, não passei por nenhum constrangimento. Foram educados comigo!
- Por que publicar fotos suas ousadas junto dos textos? Como funciona essa sua parceria com a fotógrafa? A escolha de uma fotógrafa mulher também foi proposital?
- Eu teria que ilustrar os meus textos. E achei que a maneira mais justa seria colocando fotos minhas. Me acho muito bonita, gosto do que vejo no espelho. E adoro ser fotografada. Já tinha feito vários ensaios fotográficos, mas nunca tinha feito nada sensual. E a minha fotógrafa, Fátima Azevedo, já trabalha comigo há 3 anos. Confio plenamente no seu trabalho e sei que jamais sairia nada vulgar. E ela é uma gordinha linda, que entende muito de moda e maquiagem. Não poderia ter escolhido alguém melhor para me clicar.
 
Foto: Fátima Azevedo/ Divulgação
- Você é uma mulher muito bonita, mas fora dos padrões estéticos ditados pela sociedade. Sempre curtiu seu corpo assim, ou fez loucuras para tentar ficar magra e “mais sexy”?
- Fiz todo tipo de loucura para emagrecer até os 30 anos. Remédios, dietas loucas e até cirurgia. Não conseguia me aceitar. Até que percebi que tinha amigas magras que não eram tão sensuais quanto eu. Que naturalmente eu tinha muita sensualidade, que estaria comigo sempre, pesando 50 ou 100 quilos.
- Estar gordinha te trouxe algum trauma ou obstáculo sexual, como só transar de luz apagada?
- Não. Sempre fui muito saidinha! O sexo é um momento de entrega. De ficar completamente conectada com o parceiro. E se ficar com frescurinhas, apagando a luz, não querendo mostrar o corpo, acaba com metade da diversão.
- Como ser sexy para seu homem, mesmo acima do peso?
- Sou sexy para o meu marido de diversas formas. Inventamos, uso lingeries provocantes, vamos a motéis, usamos brinquedos na cama. Não temos pudores. Um relacionamento de 10 anos só dura se tiver criatividade. Ser sexy está muito mais na cabeça do que no corpo. Quando eu fazia dietas loucas, ficava magra, mas tão mal-humorada com a fome que estava passando, que a última coisa que eu queria ser era sexy.
 
Foto: Fátima Azevedo/ Divulgação
- Já pensou como vai ser quando o 365º dia chegar? Está ansiosa? Há outros projetos em mente?
- Vou ficar com saudade. Quero fazer uma festa, afinal de contas será no dia do meu aniversário de 34 anos. Não penso em nada ainda, mas com certeza outros projetos virão.
- Pensa publicar esses contos em livro?
- Não pensava, mas as leitoras pediram tanto que me convenceram.
- Como esse projeto afetou/ transformou sua vida pessoal no dia a dia, como pessoa e como mulher?
- Positivamente, sem dúvidas. Estou mais feminina e feliz.
Enquanto isso, o livro do momento, “Cinquenta tons de cinza” (Editora Intrínseca, 480 páginas, R$ 39,90) tem tirado o fôlego da mulherada com seus detalhes picantes. Não é à toa que, em menos de seis meses, virou um best-seller, com mais de 40 milhões de exemplares vendidos no mundo. E ainda vêm mais dois por aí para completar a trilogia: “Cinquenta tons mais escuros” e “Cinquenta tons de liberdade”. De leitura fácil e envolvente, a obra da inglesa E.L. James conta o drama da universitária Anastasia Steele, que resolveu perder a virgindade — e se apaixonar — justamente pelo bilionário Christian Grey, um jovem cheio de traumas pessoais e que curte sexo sadomasoquista. Para ficar com ele, ela tem que assinar um contrato sigiloso. Ou seja: a moça, inexperiente tem sua iniciação sexual à base de palmadas e amarras, e só pode contar os mínimos detalhes — e que detalhes! — no livro. É certo: apimenta qualquer relação!

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