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sábado, 8 de setembro de 2012

Mais de 3 milhões estudam na rede pública da Bahia



Estudantes ouvidos pelo CORREIO reclamam da falta de aulas

Jorge Gauthier
jorge.souza@redebahia.com.br

O estudante Gabriel Santos, 17, estuda no 3º ano do ensino médio no Colégio Estadual Governador Lomanto Júnior, em Itapuã. Ele é um dos mais de 3 milhões de alunos matriculados na rede estadual e municipal de ensino da Bahia, segundo dados preliminares do Censo da Educação Básica de 2012 publicados ontem no Diário Oficial da União.

Apesar de matriculado regularmente, nas últimas cinco semanas – desde que acabou a greve de 115 dias na rede estadual de ensino -, a turma de Gabriel teve apenas uma aula de Português. 

“Estou matriculado, mas aula de Português é uma raridade aqui na escola. Desde que a greve acabou só tive uma única aula e estamos sem professor. Já procuramos a direção da escola e ninguém dá nenhuma solução”, critica. 

Mas os problemas da escola de Gabriel não se limitam ao Português. No caso de Matemática, a professora está de licença médica e, como não tem substituto, está passando as atividades para os alunos através de uma rede social. 

“Ela está passando as atividades para nossa turma pelo Facebook para a gente não ficar sem aula. Com ela não estamos tendo problema, mas não tem professor na sala. Ela está ajudando só para não prejudicar ainda mais a nossa turma”, conta. 


Argumentos
 
Estudante do 2º ano do Colégio Anísio Teixeira, no CAB, Luciane Marques, 18 anos, conta que depois do período de greve houve falta de aulas em algumas disciplinas. “Sempre teve muitas aulas vagas, desde antes da greve. Mas depois aumentou o número de aulas vagas. Só tenho uma ou duas por dia, em vez de cinco”, conta Luciane. 

Aluna do Colégio Estadual Bolívar Santana, em Sussuarana, Maiana Bastos, 17 anos, está matriculada no 3º ano e reclama que muitos professores faltam. “Uma semana atrás começou a ter muita aula vaga no 3º ano e na 5ª série, onde minha irmã estuda. Geralmente as aulas ficam vagas porque o professor falta, ou está de atestado. Sempre tem esse negócio de um professor faltar porque está de atestado”, afirma.

A presidente da Associação de Grêmios e Estudantes de Salvador (Ages), Raquel Barbosa, que estuda no Colégio Estadual Landulfo Alves, na Calçada, critica a falta de professores de História, Matemática e Filosofia. 

“Tem uma turma de 1º ano que só tem uma aula nos dias de segunda-feira. Inclusive antes da greve. O pior é que agora os professores voltaram a fazer até paralisação, o que soa como uma ameaça”, diz ela, referindo-se à paralisação nacional dos profissionais de educação que aconteceu anteontem. 

A Secretaria da Educação do Estado (SEC) informou, através da assessoria de comunicação, que nos colégios onde os alunos ouvidos pelo CORREIO citaram falta de aulas “todos têm professores planejados para as disciplinas”. As exceções, segundo a SEC, são o colégio Lomanto Júnior, com relação ao professor de Português, e o Bolivar Santana, onde faltam professores de Filosofia. A SEC informa, porém que foram encaminhados professores substitutos aos colégios na última semana. 

A SEC destacou que, em casos em que os professores não estejam ministrando as aulas, os estudantes devem procurar a direção da escola. “Temos um quadro de professores que são usados para substituições”, disse a SEC. 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Rui Oliveira, estima que o estado possui um déficit de oito mil professores. “A SEC coloca sempre professores substitutos que, na verdade, são estagiários despreparados”. 

Reposição 

Depois da greve, os estudantes têm tido aulas de reposição aos sábados. Porém, os estudantes dizem que falta qualidade. Anderson da Conceição Silva, estudante do 3º ano do Marquês de Maricá, diz que durante a semana não tem problemas. “Mas, nos finais de semana, estão indo poucos alunos. Eu mesmo parei de ir porque os professores estavam repetindo os assuntos da semana porque tinha pouco aluno”. 

A SEC informou que as aulas de reposição estão acontecendo normalmente aos sábados e que em algumas escolas pontualmente tem acontecido baixa frequência.


Brasil tem 41 milhões de alunos nas redes municipais e estaduais
Dados preliminares do Censo Escolar de 2012 publicados ontem pelo Ministério da Educação indicam que o Brasil tem 41.183.103 estudantes matriculados na rede pública, estadual e municipal - 2% a menos do que o Censo 2011. 

Na Bahia, segundo o levantamento inicial do MEC, são 3.281.071 estudantes matriculados na pré-escola, ensino médio e fundamental, além de educação de jovens e adultos. Ano passado, o número era 3.903.723. A partir da publicação dos dados pelo MEC, os estados e municípios têm 30 dias para verificar as informações. 

A SEC informa que na Bahia há alguns ajustes que precisam ser feitos, o que deve aumentar a quantidade de estudantes matriculados. A assessoria de comunicação da SEC informou que falta incluir dados de 30 municípios, de 36 escolas da rede estadual e atualizar dados de 366 outras escolas.

Unicef: 3,7 milhões de crianças fora da escola
Em torno de 3,7 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos de idade estão fora da escola no Brasil. Esse foi o balanço apontado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no mês passado. 

Desse total, 1,4 milhão tem 4 e 5 anos; 375 mil, 6 a 10 anos; 355 mil, 11 a 14 anos; e mais de 1,5 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos. O dado está no relatório Todas as Crianças na Escola em 2015 - Iniciativa Global pelas Crianças Fora da Escola, que indica ainda que quase 3,8 milhões de alunos nos anos iniciais do ensino fundamental correm risco de deixar a escola. 

O estudo faz uma análise do perfil das crianças e adolescentes fora da escola ou em risco de evasão no Brasil e aponta a repetência como um dos fatores de risco para a evasão escolar. Mais de 3,7 milhões de alunos das séries iniciais do ensino fundamental encontram-se com idade superior à recomendada para a série que frequentam.

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