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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Transexual obtém na Justiça cirurgia para mudar de sexo em Campinas


Shelley passou por acompanhamento psicológico e médico por três anos. Ela entrou também com uma ação para mudar de nome em documentos.


Após três anos de acompanhamento psicológico e tratamento endocrinológico, a transexual Shelley Araújo recebeu sentença favorável da Justiça para fazer a cirurgia de mudança de sexo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ela também entrou com uma ação para fazer valer seu nome de mulher. 

O estado tem prazo de 30 dias para recorrer da sentença, a contar de 17 de setembro. "Uma vez que uma autoridade permite isso, mostra que eles estão olhando mais pra gente, para o lado humano dos transexuais", conta Shelley, que trabalha como cabeleireira e web designer em Campinas (SP).

Ao procurar a Defensoria Pública de São Paulo para entrar com uma ação de mudança de nome nos documentos, ela foi orientada sobre a possibilidade de conseguir a cirurgia de transgenitalização pelo SUS. "É importante pra mim, mas eu não tinha condições financeiras. Assim, eu já completo minha vida. Como uma mulher completa", afirma.

Transexualidade
Para Shelley, a cirurgia simboliza uma completude, mas ela ressalta que tudo vem de um processo. "Não é uma varinha mágica que bate em você e te transforma. Existe toda uma história e eu fiz meu caminho", conta. Ela diz ter a sorte de ter total apoio da família. 

O problema, conta Shelley, é o preconceito no âmbito social. Ela revela que gostaria de mudar de nome para evitar constrangimentos. A confusão entre homossexualidade e transexualidade também é algo que incomoda, segundo a cabeleireira. "As pessoas confundem. Um gay já me chamou de homossexual. Eu não sou homossexual, eu sou uma mulher", explica.

Os transexuais são identificados com disforia - ou transtorno - de identidade de gênero, na qual há um descompasso entre o sexo físico e o mental, segundo Shelley. "A gente nasce com sentimentos femininos", revela.

Ação judicial
A ação foi movida contra o estado para que a prestação de saúde fosse dada a Shelley imediatamente, o que agilizaria também o processo de mudança de nome. "Todos tem direito aos serviços de à saúde, é um direito da pessoa humana", afirma.

Além da cirurgia, o acompanhamento do transexual envolve outras especialidades, como hormônio terapia, psiologia, psiquiatria e outras cirurgias secundárias, como implantação de próteses mamárias.

Acompanhamento pelo SUS
O procedimento cirúrgico de alta complexidade é feito no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Contudo, antes da cirurgia, o transexual deve passar pelo acompanhamento de pelo menos dois anos.

No Ambulatório de Saúde Integral de Travestis e Transexuais do estado, onde é feito a regulamentação estadual das vagas nesse tipo de procedimento cirurgico, há atualmente 850 matriculados, segundo Maria Filomena Fermichiaro, atuante junto aos transexuais do núcleo e diretora do ambulatório até 2011.

12 cirurgias por ano
"Demora um pouco, temos somente uma endocrinologista, por exemplo", conta. Segundo ela, são executadas 12 cirurgias por ano. Segundo ela, o inscrito demora cerca de dois meses para começar o processo com um clínico geral, com um psicoterapeuta e uma endrocrinologista.

A transexual Esther Pereira, atuante no movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (LGBT) e que ainda não conseguiu mudar de nome nos documentos oficiais, afirma que é mais comum a liberação judicial após a cirurgia. "Pouquíssimos casos se conseguiu antes. Mas nós temos um movimento para que isso seja mais amplo", afirma.

G1
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