A Bahia registrou o maior número de pessoas negras assassinadas no país em 2010, de acordo com o Mapa da Violência 2012 divulgado nesta quinta-feira (29) pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Segundo o levantamento realizado, foram 5.069 assassinatos de afro-descendentes, um crescimento de 300% em relação a 2002.
O estudante Rodrigo Anunciação, 18 anos, é uma das vítimas. Ele foi morto por um policial que estava de folga. O motivo foi uma briga de rua. "Todo mundo ficou revoltado. Ficou revoltado porque não tinha motivo para ele fazer isso", lamenta a tia Clederci Sacramento.
Elaborado com base nas certidões de óbito, o Mapa da Violência constatou que em 22 dos 26 estados brasileiros, e também no Distrito Federal, o número de assassinatos de negros supera o de brancos. Em 2010, foram mortos no Brasil 34.983 negros contra 14.047 brancos.
Proporcionalmente à população, o estado que lidera as estatísticas é Alagoas, com 80,5 mortes para cada 100 mil habitantes. O Espírito Santo, com 65 mortes para 100 mil habitantes, e a Paraíba, com 60,5 mortes para 100 mil habitantes, aparecem em seguida. Entre 2002 e 2010 apenas o Acre (- 4%), Pernambuco (-17,3%), Rio de Janeiro (-30,9%) e São Paulo (-61,3%) registraram queda nos índices de homicídios de afro-descendentes.
O autor do estudo não esperava uma diferença tão grande entre as mortes de negros e brancos. "Me surpreende a tendência crescente apesar de que sei que tem esforços de políticas públicas, da sociede civil. Eu esperava que isso contribuísse a diminuir essa diferença de mortalidade, de letatlidade violenta. Está aumentando muito".
No lançamento do mapa da violência nesta quinta-feira, em Brasília, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial disse que este vai ser um importante instrumento para o governo e também para a sociedade. "é um estudo bastante aprofundado, com informações por estado, por municípios. Eu acho que todos os dirigentes, gestores públicos terão uma ferramenta importantíssima para orientar a sua ação".
G1