Agora, os holofotes da imprensa nacional e internacional estão voltados para o município, devido ao fato de a seleção da Alemanha ter escolhido a vila de Santo André para se hospedar e treinar durante a Copa do Mundo, que acontece daqui a pouco mais de dois meses.
A Folha de São Paulo enviou um repórter especial, João Pedro Pitombo, para ver de perto a realidade local, especialmente a vila de Santo André, que teve a rotina dos 800 moradores alterada depois da intensificação da obra do Centro de Treinamento (CT) da seleção da Alemanha, batizado de “Campo Bahia”, empreendimento orçado em R$ 35 milhões, com 14 casas e 65 cômodos, que se transformará em um condomínio depois da Copa.
O DESCASO
O repórter da Folha ouviu moradores nativos e recém-chegados à vila e comprovou os problemas cotidianos: “a falta de energia é constante, a água vem de poços e chega às torneiras com barro. O descarte do lixo é irregular, em um terreno a 5 km do CT” escreveu Pitombo.
Segurança - A reportagem também mostra que, com o aumento do número de turistas, a segurança passou a ser uma das principais preocupações em Santo André, onde todos se conhecem pelo nome. Os nativos também temem o avanço da especulação imobiliária. "Em dez anos, pobre não vai conseguir morar mais aqui. A maioria irá para as favelas de Porto Seguro e Cabrália", diz o comerciante Jonas Santana, 61 anos, dono de um bar.
Santo André - Localizada em área de proteção ambiental, onde só é possível chegar atravessando de balsa a foz de um rio, Santo André atrai muitos turistas, sobretudo no verão, quando a vila recebe pessoas em busca de um local tranquilo e isolado.
A vila tem uma rua principal e meia dúzia de transversais. Mas há seis meses, segundo reportagem da Folha, passou a ter até engarrafamentos, por causa do vaivém incessante de caminhões devido às obras do CT, cujos trabalhos duram ao menos 16 horas por dia. A população local cresceu cerca de 30% com a chegada de mais de 200 operários para o empreendimento.
Preocupação - Entre os moradores nativos da vila, o CT e a chegada da seleção europeia são vistos com reservas. "Afora os empregos, não vimos nenhum benefício. Nosso medo é que essa exposição da vila mude o nosso modo de vida e a gente perca a nossa liberdade", diz o marinheiro José Borges, 41 anos.