Conhecidos por atos violentos, torcedores argentinos que virão ao Estado são monitorados
Líder da Guarda Popular negocia hospedagem a integrantes da Hinchadas Unidas Argentinas, entre os quais torcedores do IndependienteFoto: Diego Vara / Agencia RBS
Autoridades brasileiras responsáveis pela segurança da Copa do Mundoelencam possíveis ações de barrabravas argentinos em meio a manifestações contra o Mundial como uma das principais preocupações emPorto Alegre. Conhecidos por atos violentos e pelas relações promíscuas com governos e políticos, torcedores ligados à Hinchadas Unidas Argentinas (HUA), uma associação de organizadas do país vizinho, devem vir ao Estado para acompanhar o confronto entre Nigéria e Argentina.
— No meio de uma manifestação, eles podem praticar algum tipo de violência e aproveitar para se infiltrar. Estar ali, naquele momento, praticando aquele tipo de conduta, é um problema. As forças de seguranças se dividem em muitas frentes nesse tipo de ocorrência, o que dificulta — explica o representante da Interpol no Estado, delegado da Polícia Federal Farnei Franco Siqueira.
"Nenhum órgão de segurança me procurou", diz líder da Popular sobre vinda de barrabravas ao Estado para a Copa
À frente da hospedagem a um grupo que pode ter entre 300 e 500 hinchas da HUA — entre os quais não estão apoiadores de Boca Juniors e River Plate — em um ginásio e casas de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, estaria o líder da organizada do Inter, Gilberto Bittencourt Viégas, 28 anos. Conhecido como Giba do Trem, ele afirma ter tomado assumido a negociação para trazer os hermanos, tocada até o início do ano pelo ex-comandante da torcida, Hierro Martins. Apesar de adotar um discurso contra a violência, Viégas é conhecido da Justiça gaúcha: foi impedido de entrar em estádios após agredir um guarda municipal em Novo Hamburgo, em setembro de 2013.
Comandante de Policiamento da Capital (CPC) e do Batalhão Copa, o coronel João Diniz Prates Godói relativiza a estadia de argentinos em domínios de Giba:
— Não procuramos ele porque não o temos como liderança constituída para fazer esse tipo de interlocução. Temos consulado, embaixada e estrutura de segurança para dar o melhor atendimento aos turistas, inclusive os que se dizem barrabravas.
Uma dor de cabeça para as autoridades são torcedores violentos sem ingresso para a partida em 25 de junho, que ficariam do lado de fora do Beira-Rio. De acordo com reportagem publicada no jornal argentino Clarín, o delegado Andrei Rodrigues, secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos do governo federal, questionou o Ministério da Segurança local sobre a possibilidade de barrabravas se juntarem aos protestos.
— Não acreditamos que vão participar desses acontecimentos. Estamos conscientizando os argentinos que têm de ir ao Brasil para participar de um espetáculo único. Trabalhamos para que as pessoas se comportem adequadamente no território brasileiro — afirmou, em entrevista a ZH, Darío Ruiz, secretário de Cooperação com os Poderes Judiciais, Ministérios Públicos e Legislaturas, que prevê uma invasão de até 80 mil hermanos no Rio Grande do Sul.
Lista de torcedores violentos
foi entregue a autoridades
Na semana passada, o governo argentino repassou às autoridades brasileiras uma lista com nomes de torcedores que já se envolveram em confusões. Com isso, as polícias poderão agir na Fronteira para evitar o acesso desses hinchas ao país. O secretário Ruíz diz não poder revelar quantos nomes há na lista:
— É para evitar qualquer tipo de representação judicial. Enviamos informações sobre os pontos indicados pelas autoridades, sobre quem tem antecedentes em ações violentas envolvendo o futebol.
Ruiz se mostra um pouco cético quanto ao número de torcedores violentos que viriam ao Brasil:
— Temos de ficar atentos e informados para ver se essas manifestações, tanto dos torcedores do Inter quanto dos argentinos, são verdadeiras, reais. Pensamos que há uma espécie de encenação para dizer coisas que é preciso saber se são verdade. O segundo de Hierro Martins, Giba, disse que tem 200 tíquetes para os jogos. Não nos consta que seja assim.
A reportagem tentou contato com Andrei Rodrigues durante uma semana, mas não conseguiu falar com o secretário. Até o fechamento desta edição, a assessoria da secretaria não havia respondido os questionamentos encaminhados.