Viajar para Punta Cana, Cancún e Aruba pode sair mais barato do que ir para a Bahia. É o que apontam os preços dos pacotes de viagem comercializados nas principais agências de turismo em Belo Horizonte. Com elevação do poder de compra e a valorização cambial, os brasileiros se voltam para destinos internacionais, principalmente para a América do Sul e Central, porque querem aproveitar a oportunidade de viajar para fora do país. De acordo com a Polícia Federal, foram emitidos 57.145 passaportes em Minas entre janeiro e 26 de abril deste ano. Nos quatro primeiros meses de 2014, esse número ficou em 39.022. O crescimento foi de 46%.
Os brasileiros avaliam que o custo-benefício de uma viagem internacional é maior do que um passeio em território brasileiro, em hotéis da mesma categoria, mesmo quando o preço é um pouco mais salgado. Um pacote de sete dias para Punta Cana (Hotel Meliá Caribe Tropical), na baixa temporada – com passagem aérea, seis noites, traslados, café da manhã, almoço, lanche e jantar) – custa a partir de US$ 1.380 ou R$ 2.340. Uma estada semelhante no Resort Iberostar, na Bahia, custa R$ 2.700. Os preços são da Acta Turismo. Pela CVC, o turista pode sair de Confins e voar até Punta Cana, onde ficará seis noites no Hotel Tropical Princess, em apartamento duplo, com sistema all inclusive, traslado e seguro de viagem internacional pagando a partir de R$ 3.112, divididos em 10 vezes sem juros. Para ir para o Costão do Santinho, em Florianópolis, com direito a seis noites, paga a partir de R$ 3.438, também em 10 vezes sem juros e com tudo incluído.
O gerente-operacional do Minas Shopping, Carlos Antônio Cândido, aproveitou os preços camaradas da viagem ao Caribe para conhecer Punta Cana com a esposa. O passeio foi no ano passado. O casal permaneceu oito dias e pagou R$ 7 mil. “Sempre viajamos dentro do país. Mas percebemos que os preços das viagens internacionais estão muito mais competitivos”, diz. José Carlos Vieira, vice-presidente nacional da Associação Brasileira de Agências Viagens (Abav), explica que com o dólar em baixa e a estabilização da moeda, além da elevação do poder aquisitivo das classes A, B e C, diferente do que acontecia no passado, quando as viagens internacionais eram parceladas em no máximo cinco vezes, hoje esses pacotes são comercializados em até 10 vezes sem juros. “Enquanto o dólar estiver desvalorizado em comparação com o real, os brasileiros vão aproveitar a oportunidade para viajar para destinos internacionais”.
Oferta
Woody Garcia, gerente de produtos internacionais da CVC Minas, afirma que em 2015 a operadora está ampliando a oferta de lugares para destinos internacionais. Em julho do ano passado, a empresa tinha um fretamento por semana para Bariloche. Este ano, serão dois fretamentos semanais na temporada. “Muitos países não se recuperaram da crise econômica. Por isso não houve aumentos de custos em moeda estrangeira. Países como Portugal, Grécia e Itália estão doidos para receber os turistas brasileiros”, observa. Vale dizer o mesmo para os destinos na América Central e do Sul, onde a maior procura é para o Caribe e para Buenos Aires. Segundo a Abav Minas, a demanda por turismo internacional aumentou 50% de janeiro a março deste ano em comparação com igual período do ano passado.
No fim de 2013, a professora universitária Nágila Melissa Ferreira e seu marido, o chef de cozinha Roberto dos Santos Ferreira, resolveram viajar para fora do país. Com o objetivo de fugir do óbvio, deixaram Buenos Aires de lado e optaram pelo Uruguai, onde ficaram oito dias. Como a decisão de viajar foi de última hora, compraram as passagens aéreas de ida e de volta por R$ 1.600 para o casal. “O preço da passagem contribuiu muito. Quando compramos as passagens aéreas, qualquer destino no Brasil, incluindo Rio e São Paulo, sairiam mais caros. Aproveitamos a oportunidade de ir para fora”, diz Nágila Ferreira.
EM
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